quarta-feira, 4 de junho de 2014

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

RISCO


                    "Risco de morte" ou "risco de vida"? Ao pé da letra, se o risco é sempre de coisa ruim ("risco de infecção"), "risco de contaminação", "risco de não se classificar para a fase final do campeonato", "risco de ficar desempregado", "risco de adoecer" etc), parece cabível que se deem como legítimas as construções "risco de morte" e "risco de morrer" (Fulano ainda corre risco de morte"; "Fulano ainda corre risco de morrer"). Mas há pelo menos duas explicações para o emprego de "risco de vida" no lugar de "risco de morte". A primeira delas se baseia no inegável horror que a palavra "morte" causa, o que talvez nos faça fugir dela como o diabo foge da cruz. A segunda explicação (talvez mais plausível) se assenta na ideia no cruzamento de construções ("Sua vida corre risco" com "Ele corre risco de vida", por exemplo) ou ainda na pura e simples omissão ("Correr o risco de [perder a] vida. O nome técnico dessa omissão é "elipse". O fato é que,nesses casos, não parece sensato remar contra a maré. O largo uso da expressão "risco de vida" é motivo maias do que suficiente para que a aceitemos pacificamente.



ROER



                  Filhotes de cão roem o que encontram pela frente. Pois bem, filhotes roem, e um só; "rói" ou "roe"? Não esqueça: os poucos verbos portugueses terminados em "-oer" ("doer", "roer", "moer", "condoer", "corroer", "remoer" etc,) apresentam a terminação "ói" (com acento agudo no "o") na terceira pessoa do singular do presente do indicativo: "mói", "dói", "rói", "remói" etc. Então, nada de "moe","roe", "doe", "remoe" etc. Na terceira pessoa do plural, usa-se "e", sem acento no "o": "moem", "remoem", "roem", doem" etc.



ROMA


            Em "Quero ir a histórica Roma", o 'a' recebe acento? Em 'Quero ir a Roma", não há acento, e você já sabe por quê? Em 'Quero ir a histórica Roma', o 'a' tem acento, sim. Afinal, eu venho "de Roma" mas venho "da histórica Roma", o que prova que, com o adjetivo ("histórica"), Roma passa a pedir o artigo: "Quero ir à histórica Roma". Cuidado: em "Os turistas sujam a histórica Roma", acontece a mesma coisa? Não, não e não!Agora, não há preposição. Suja-se algo, e não a algo.


                                                Comentários do Professor Pasquale Cipro Neto

                                                              Dicionário da Língua Portuguesa


                                             Gold Editora Ltda

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