domingo, 26 de outubro de 2008

MODESTA DOAÇÃO DE LIVROS


Eu morava NA TOCA DO LEÃO e passava os dias ESPERANDO GODOT. Como este não chegou resolvi visitar DOM CASMURRO, juntamente com os IRMÃOS KARAMÁZOVI. Ele morava nOS SERTÕES. Fomos recebidos por uma MULHER DE TRINTA e por sua filha LOLITA. Ao entrarmos, fomos informados sobre O GRANDE CONFLITO em que OS TRÊS MOSQUETEIROS se envolveram com TOM JONES E ESAÚ &JACÓ. Tudo por causa de uma obra de arte denominada O RETRATO DE DORIAN GRAY. Infelizmente, todos eles foram parar num HOSPITAL.

PS: Escrevi esta pequena história utilizando 13 títulos de renomados romances que estão repetidos na minha humilde biblioteca. Portanto, terei o maior prazer de ofertá-los a quem desejar.

Como fazer?

Quem estiver interessado primeiramente assine nosso FEED cadastrando seu email na página inicial e depois escreva para joboscan50@yahoo.com.br (ou escreva no link contato) o nome do livro que deseja(um dos livros que estão destacados no texto acima) e o seu endereço,cep,telefone...para entrarmos em contato e encaminhar o livro.*

É isso mesmo,é muito facil,NÃO É SORTEIO!!!!

Por isso,não perca a oportunidade de conseguir um ótimo livro de GRAÇA !!
Boa leitura!
os livros que estão sendo doados são:

1 )NA TOCA DO LEÃO(já doado)
2) ESPERANDO GODOT (já doado)
3) DOM CASMURRO (já doado)
4) OS IRMÃOS KARAMÁZOVI(já doado)
5) OS SERTÕES(já doado)
6) A MULHER DE TRINTA(já doado)
7) LOLITA(já doado)
8) HOSPITAL (já doado)
9) TOM JONES (já doado)
10) OS TRÊS MOSQUETEIROS(já doado)
11) O GRANDE CONFLITO(já doado)
12 )ESAÚ & JACÓ(já doado)
13) O RETRATO DE DORIAN GRAY (já doado)

*Obs:Será doado apenas um livro para cada leitor,lembrando que só tem UM EXEMPLAR DE CADA LIVRO.Caso tenha ficado alguma dúvida em relação ao regulamento,entre em contato no email: joboscan50@yahoo.com.br ou no link contato no blog.


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João Bosco de Andrade Araújo

sábado, 25 de outubro de 2008

MENTIRAS INOFENSIVAS & PARADOXOS CORRIQUEIROS - VIII

- “JÁ VAI? É CEDO AINDA!”.

Esta é uma expressão muito corriqueira que se ouve dos anfitriões sempre que algum convidado resolve se ausentar da festa ou sair após uma visita. O contra-senso dessa frase está inserido no excesso de gentileza ou educação, pois embora a alta já esteja avançada, ou seja, seja tarde da noite, principalmente, mesmo assim quando ouve alguém murmurar que já vai, costuma sempre se expressar assim: “Já vai, fulano?”. “É cedo ainda!”. “Fica mais um pouco!” etc. O que, evidentemente, não corresponde à verdade. É somente uma maneira, uma forma educada e tradicional de se despedir de uma pessoa. Como esta já está conscientizada e sabendo dessa educada desculpa, não faz nem questão de acreditar nesta frase e, sorrateiramente vai deixando o ambiente também de maneira educada, sem fazer questão de permanecer nem mais um minuto, salvo quando ocorrer algum imprevisto de última hora.

- “ATCHIM!” - SAÚDE!

Quando se encontra em companhia de colegas ou amigos, em qualquer lugar, logo que alguém é surpreendido por um espirro incontrolável, estridente e inoportuno, ouve-se automaticamente a lacônica expressão: “SAÚDE!”. Parece até uma pequena brincadeira irônica. Mas não o é. A intenção ao se proferir essa palavra é, no mínimo, desejar à pessoa que espirrou que ela não pegue nenhum resfriado ou uma gripe forte e sim que tenha realmente saúde. Mas tudo isso, além de tradicional, é algo muito automático. Tanto é que logo que se ouve alguém dizer: saúde, a resposta é incisiva: obrigado. E fica tudo por isso mesmo. Que o espirro é um ato involuntário e inadiável, quase sempre imprevisto, apesar dele não causar nenhuma dor, apenas um pequeno constrangimento, ninguém gosta de espirrar em público, principalmente durante uma celebração religiosa, aula, conferência, filme ou teatro etc.


- “VOU FAZER A BARBA!”.

É muito comum no universo masculino, é óbvio, ouvir esta expressão que traz um paradoxo total. Pois, como sabemos, a natureza humana se encarrega de emoldurar o rosto do mancebo com barba e bigode, dependendo de cada indivíduo. Paulatinamente, o rosto imberbe fica com um aspecto diferente, mais másculo conforme a quantidade e formato dos cabelos que nascem. Então, por motivos pessoais de higiene e,principalmente estética, o indivíduo resolve se livrar dessa benesse da natureza humana . Então, é num momento assim que ele expressa a frase fatal e desprovida de sentido lógico: “Vou fazer a barba!”. Ora, pois, como ele pode fazer algo que já existe ali na sua cara, literalmente? O mínimo que poderá acontecer é desfazer dela, isto é, da
barba. Certo ou errado?

DETALHES IMPERCEPTÍVEIS PARA SE ATINGIR UM OBJETIVO

1 - PAPEL HIGIÊNICO.

Após as necessidades fisiológicas, ao utilizarmos o papel higiênico, pergunta-se:
- A posição como ele está sendo desenrolado (se é por baixo ou por cima) terá alguma importância? Tudo indica que não. O objetivo será alcançado de ambas as formas. O essencial é que ele esteja no seu respectivo local... Portanto, pequeno detalhe insignificante, mas cujo conteúdo de muita utilidade. Alguém duvida?

2 – O ESPELHO.

Quando precisamos nos pentear, barbear, maquiar etc., o que nos importa o formato do espelho (se é quadrado, redondo?) O que nos importa é ter esse objeto à disposição para refletir o nosso semblante. Portanto, o objetivo será atingido independente do formato do espelho, que o diga a ala feminina! Agora se ele estiver trincado, segundo a superstição, ignore-o se puder. Mas, numa emergência, desconsidere-a, por que não?

3 – A CONDUÇÃO.

Precisa-se pegar um ônibus, lotação ou até mesmo táxi etc. Que diferença faz no caso dois primeiros meios de transporte, se alguém entrar pela porta dianteira ou traseira? O objetivo, qual é? Entrar no veículo que irá transportar o passageiro até ao local desejado. Portanto, a maneira como se adentra no respectivo veículo não chega assim ter muita importância. O mesmo se pode dizer do táxi com quatro portas. Que diferença faz entrar pelo lado direito ou esquerdo? Obviamente, nenhuma!

4 - O CAFÉ OU CHÁ.

Para se prepara um café ou chá a água terá que ser fervida. Isso é um fato notório, lógico. Mas, para que os mesmos fiquem no respectivo ponto, serão necessárias outras dosagens corretas, como por exemplo, o pó, o açúcar, adoçante ou o ingrediente do chá.
Agora uma indagação simples: o formato do recipiente onde o líquido foi fervido terá alguma influência na qualidade, no saber de tais bebidas? Evidentemente que não. O objetivo neste caso foi atingido sem que ninguém se preocupasse com tal detalhe!...

5 – A IGREJA OU O TEMPLO.


Muitas pessoas quando se sentem aflitas, angustiadas, o primeiro caminho que procuram é, sem dúvida, o de um igreja ou um templo religioso de sua preferência. O objetivo de uma pessoa neste estado é sempre o mesmo: desabafar-se e, ao mesmo tempo, receber uma orientação e uma bênção. Agora, se o local onde acontece tal confissão é aconchegante ou não, pouco importa. Os detalhes do acolhimento então, muito menos. O essencial mesmo é atingir o seu objetivo, o que na maioria das vezes consegue.

6 – AS MEIAS E AS LUVAS

Estas peças do vestuário são tão simples que até no escuro não se encontra nenhuma dificuldade para usá-las, desde que estejam previamente separadas. A diferença entre elas se resume no molde das mesmas. Enquanto as luvas trazem alguns detalhes, as meias só dependem mais das suas cores. Neste último caso, pouco se preocupa com o pé direito ou esquerdo. O par servirá, respectivamente para ambos. Portanto, detalhe tão imperceptível quanto corriqueiro. Só ocorrerá alguma gafe quando, por negligência ou devido à pressa, por acaso usar meias de cores diferentes...

7 - A BICICLETA


Qualquer ciclista, por mais perspicaz que seja, dificilmente, preocupar-se-á com o exato movimento dos seus pés, os quais acoplados nos respectivos pedais da sua bicicleta, impulsiona-a tranqüilamente. É uma atitude, podemos dizer automática. Pergunta-se, então: o que importa se um pé ora estiver na parte alta se logo em seguida estará na de baixo? Nada. Neste caso é um simples detalhe que na somatória dos movimentos, tudo indica que não terá nenhuma influência no objetivo final.

8 – VITAMINA DE FRUTAS.

Quem será capaz de, na hora em que estiver degustando uma deliciosa vitamina de frutas, preocupar-se com a ordem como os pedaços das mesmas foram colocadas no liquidificador? Pois nenhuma diferença fará no seu apetite e, principalmente no sabor da vitamina. Portanto, pormenores imperceptíveis de certos trabalhos, muitas vezes, são inquestionáveis. Neste caso, tudo bem, porém com relação à fabricação da salsicha, prefiro não comentar!

9 - A TESOURA

Quando entregamos uma tesoura ao amolador de ferramentas, por ventura, haverá necessidade de explicar qual das lâminas está menos afiada? Tudo indica que não. Ele, evidentemente, dará total atenção as duas para que seu serviço seja completo. E quando um pneu de uma bicicleta estiver furado? O mecânico, por sua vez, dará atenção somente ao que precisa de conserto. Afinal, o que pretendo com esta comparação esdrúxula. É o seguinte: mesmo que nos dois casos uma só parte precisa de reparo, á lógica é entregá-los completos aos seus respectivos profissionais... Interessante ou não, até no campo material o aforismo religioso tem sentido: “O justo paga pelo pecador”.

10 – A POSIÇÃO DA LUA.

Alguém já imaginou se a posição da lua no firmamento límpido, por acaso, tem alguma influência numa inspiração poética tão rara nos tempos hodiernos? E nos corações enamorados? Claro que não. Que diferença faz se ela fulgura ora no nascente, ora no poente ou mesmo no zênite etéreo? Mas, pensando bem, tudo isto está mais relacionado aos tempos dos nossos ancestrais. Pois hoje, infelizmente, não se tem tempo nem de olhar para o céu, quanto mais ter a lua como fonte de inspiração ou paixão!...

11 - O MODO DE ADOÇAR ALGO

Será que alguém já percebeu num detalhe banal, simples que automático como, por exemplo, o ato de adoçar um chá ou café? Pois, pensando bem, não existe técnica nenhum para se atingir tal objetivo. Tanto faz mexer a colher no sentido horário ou não. A bebida em questão só ficará com o sabor agradável, dependendo da quantidade exata do açúcar ou adoçante, obviamente. É, portanto, um detalhe tão imperceptível que quase ninguém jamais se preocupará com ele. Tudo bem que tal fato não seja valorizado, mas tente colocar os ingredientes adoçantes no respectivo recipiente com qualquer bebida e não mexa para ver o que acontece!

12 - COLHENDO FRUTAS NO POMAR.

Quem passeia num sítio tem grande chance de se deleitar com a variedade de frutas à sua disposição. É só sair pelo pomar escolhendo manga, caju, mamão, abacate etc. Quando, por exemplo, estiver sob um cajueiro com seus galhos carregados, não adiante ficar em dúvida qual caju escolher, pois são todos iguais. Ou será que existirá algum mais doce do que o outro? Ora, o cajueiro é um só, não importa que seus frutos sejam muitos. O sabor, evidentemente, será sempre o mesmo, desde que estiverem no ponto, ou seja, maduros!

13 – A ESCADA


Toda escada, não importa o material usado para sua construção, tem a sua grande utilidade. Por ela, as pessoas sobem ou descem utilizando seus vários degraus, mesmo que reclamando ou não. A indagação é sobre estes. Como todos são da mesma medida, haverá alguém que acha que haverá que algum deles terá mais utilidade do outro? É claro que não. Pois o primeiro da parte inferior é tão útil quanto o último, que passa ser o primeiro quando o sentido é inverso. Já os que ficam na parte central da escada então, nem se fala. Têm a mesma utilidade. Portanto, todos os degraus são imprescindíveis, indiferentemente o lugar que ocupam numa determinada escada.

14 – O OVO

Ninguém será capaz de querer saber qual a parte do ovo que será utilizada para quebrá-lo na hora de fritá-lo ou prepará-lo para outra atividade culinária. É uma verdade incontestável. Pois a única intenção é usar o seu conteúdo (gema e clara) pra determinada finalidade. Tanto bolo e omelete quando ficarem prontos, quem se importará em saber de que lado o ovo foi quebrado? Neste caso, assemelha-se à vitamina de frutas que após ficar pronta ninguém questionará quanta a ordem e seqüência dos respectivos ingredientes!...


15 – QUANDO SE QUEIMA A BOCA

A tendência em geral de uma pessoa que, por descuido, queima os lábios, a língua, enfim, a boca ao levar uma xícara ou copo, quando cujo conteúdo estiver muito quente é, inegavelmente, mudar a posição de tal recipiente ou até trocá-lo. Não deixa de ser uma atitude totalmente intuitiva, mas equivocada. Pois, o que na realidade queima não é a borda do copo ou da xícara e sim o líquido que estiver sendo servido. O detalhe daquele ponto da circunferência de tal objeto é totalmente “inocente” e trocá-lo será mais inútil. Já percebeu isso? É tão sem lógica quanto uma pessoa que flagrou o cônjuge num ato de adultério no sofá da sua casa e no mesmo dia comprar outro móvel novo, conservando a pessoa infiel...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mentiras inofenivas & paradoxos corriqueiros - VII

- “ÚLTIMA SEMANA DE LIQUIDAÇÃO / SÓ ATÉ SÁBADO”.

É o tipo de mentira inofensiva apregoada por vários ramos comerciais, tentando induzir o consumidor a comprar seus produtos a curto prazo. É um slogan corriqueiro que mesmo assim consegue ludibriar certas pessoas incautas. É o mesmo que dizer que tal queima de estoque só acontecerá até aquele determinado sábado, o que nem sempre corresponde à verdade. Pois este dia há toda semana, o que corresponde dizer “só até amanhã” e, no entanto, no dia seguinte repetir a mesma palavra. Então não sai desse círculo vicioso, o que de alguma forma ilude o cliente, o consumidor menos atento, o qual agindo por impulso ou movido por uma sugestão imediata não programada, algumas vezes termina até comprando “gato por lebre”, neste mundo dos negócios repleto de cobras e lagartos!


- “É A SAIDEIRA!”.


É sempre muito difícil durante uma confraternização ou um simples encontro numa lanchonete ou bar com amigos, onde a bebida corre solta, não se ouvir de uma ou outra pessoa a famigerada frase:
-“SÓ MAIS UMA SAIDEIRA!”.
E assim por diante. O tempo vai passando rápido, pois como se costuma dizer, ele é inimigo das horas felizes. Por outro lado, o dono do ambiente onde esse tipo de encontro acontece, evidentemente ficará sempre contente com o bom movimento. Mesmo algumas pessoas mais alteradas pelo efeito da bebida, falando palavras sem muito nexo ou provocativas. Mesmo assim, a famosa “saideira” demora chegar ao fim. Quer dizer, é uma mentira inofensiva e que é sempre repetida em todos os lugares onde se vende bebida alcoólica, principalmente, cerveja.


- “MUITA OU POUCA VERGONHA?”.


- Geralmente, quando alguém se depara com um fato inusitado, para fazer uma crítica contundente, um desabafo intempestivo, mesmo se for para alguma emissora de rádio ou televisão, costuma-se usar a seguinte expressão: “Isso é muita pouca vergonha!”. A frase é tão corriqueira e falada tão naturalmente, que quase não se preocupa em saber se faz sentido ou não. Sem dúvida alguma, uma longa espera numa rodoviária ou aeroporto, por exemplo, ou filas quilométricas para se resolver determinadas pendências, tudo isso é irritante e, consequentemente torna-se num fato vergonhoso. Agora o que se deseja entender, compreender é se a vergonha num caso deste é pouca ou muita! Uma vez que estas duas palavras são antônimas. Portanto, ambas sendo usadas numa mesma linha ideológica é algo paradoxal. O que é interessante é que a omissão dessas duas palavras – muita/pouca – não vai alterar o sentido da crítica ou do desabafo, ficando mais resumida assim: “Isso é uma vergonha!”. É verdade que quando se usa outros adjetivos antes é simplesmente para realçar e dar mais ênfase à crítica.

HUMILHAÇÃO FATAL

Certa pessoa, ao visitar um sítio no interior do Estado de São Paulo, resolveu conhecer as belezas naturais da região, passeando numa canoa tendo um simples caboclo como seu cicerone. Ao perceber que o mesmo era desprovido de qualquer cultura, aproveitou a oportunidade para humilhá-lo, esnobando seu saber. E começou pegando pesado, perguntando-lhe:
-“O senhor sabe o que astronomia?”.
-“Sei não senhor, moço!” – respondeu o matuto.
-“Pois pela sua ignorância o senhor acaba de perder 1/3 da sua vida!”.
-“Mas já ouviu falar sobre o FMI?” – continuou o pedante.
-“Nunca, moço. Que bicho é esse?”.
-“Acaba de perder então 2/3 da sua vida ignorante!”. E continuou:
-“E a respeito da AIDS, o que senhor sabe?”.
-“Nada, moço, nada!”.

Após falar assim, coincidentemente, numa curva brusca no leito do rio, aconteceu um acidente, virando a embarcação. Então, enquanto “sabe tudo” bebia água, afogando-se desesperadamente, o tabaréu nada e gritava:
-“Nada, moço, nada!”. Ao que o outro respondeu:
-”Eu já entendi”. “Você não sabe de nada mesmo, seu matuto!”
-“Aí o senhor se engana, homem inteligente, eu sei de uma coisa importante: sei nadar!”. “E o senhor, por acaso, sabe?”.
- “Não, homem de Deus, não entendo nada de água”. “Sinceramente, eu não sei nadar!”.
-“Sendo assim, o senhor não perdeu 1/3 nem 2/3 da sua vida, mas sim, perdeu foi ela toda!”.

Evidentemente, ele falara assim só para lhe dar uma grande lição. Pois em seguida, salvou-o daquele apuro, daquela situação constrangedora.
Toda pessoa em são consciência sabe que ninguém é melhor do que ninguém e que jamais se deve humilhar os semelhantes. Como bem escreveu o renomado Dom Hélder Câmara: “NINGUÉM É UM MAL OU UM BEM CONCENTRADOS!”.


Adaptação: João Bosco de Andrade Araújo

O MORTO-VIVO

Tudo começou por causa de um mal-entendido ao pagar uma prestação atrasada. O funcionário puxa-saco, metido o certinho de um renomado magazine desta megalópole, equivocadamente exigiu o pagamento de duas prestações pendentes, simultaneamente. Tudo bem que na hora de comprar o cliente assina um contrato de compra onde assume um compromisso para quitar a dívida em várias prestações. E aí é que são elas. Quase sempre as primeiras são pagas pontualmente. Já as seguintes começam a sofrer pequenos atrasos. Os pagamentos são postergados muitas vezes à revelia do cliente, mas tudo bem. Mas cedo ou mais tarde ele comparece para dar satisfações e efetuar algum acordo de pagamento.
Este tipo de procedimento acontece com a maior das pessoas quando fazem compras pelo crediário. E eu estava fadado a agir assim se aquele funcionário não tivesse se equivocado, o que me obrigou a tomar uma atitude inusitada. Afinal, ser caloteiro é algo que não condiz com o meu temperamento, o meu caráter. Dever, praticamente quase todo mundo deve. O egrégio Millor Fernandes tem toda a razão quando escreveu: “QUEM NÃO DEVE, NÃO TEM...” E, além disso, costuma-se até ser sarcástico dizendo, por exemplo: Mais deve o Brasil e, no entanto, vive sempre “deitado eternamente em berço esplêndido!”.
Então, enquanto eu recebia cartas de cobranças só na minha residência, simplesmente, desconsiderava-as. Deixava, como se costuma dizer, o barco correr. Mas quando o setor de cobrança resolveu enviá-las ao meu serviço, aí a situação ficou complicada. Resolvi chutar o pau da barraca, isto é, apelei. Pois até o meu supervisou passou a me chamar a atenção com relação às insistentes cartas de cobranças. Então tomei uma drástica e premeditada decisão: como trabalhava nos Correios, portando, conhecendo todos os trâmites das correspondências, peguei algumas cartas intactas endereçadas à minha residência e ao meu serviço, usei o carimbo oficial dos carteiros AO REMETENTE e no campo destino para mencionar o motivo da devolução, simplesmente marquei no item: “faleceu”. Quer dizer, peguei pesado comigo mesmo, isto é, “matando-me”. E pelo visto aquele fúnebre artifício surtiu efeito. Pois a partir da semana seguinte, as cartas de cobranças endereçadas à minha pessoa, escafederam-se.
Dez anos após o ocorrido, tomei outra decisão corajosa e muito ousada. Aproveitando uma promoção de um videocassete naquela mesma loja que motivou tanta celeuma, resolvi abrir um novo crediário. Apresentei todos os documentos solicitados e finalmente chegou o momento da checagem do meu crédito. Neste ínterim, cheguei até imaginar uma possível cara de espanto da funcionária, caso constatasse que aquele cliente havia morrido há dez anos!! Seria um paradoxo total ao percebeu que não se tratava de um caso de homônimo. Porém, naquela ocasião não aconteceu nenhuma cena fantasmagórica. Pois o meu crédito, além de ser aprovado, ainda ganhei até um cartão, além do imprescindível carnê para os futuros pagamentos. Agora, se eu disser que antes mesmo de finalizá-lo, aquela loja foi à falência, pouca gente acredita....

João Bosco de Andrade Araújo

O LADRÃO ATRAPALHADO

Acredite se quiser. O dono de um carro bem surrado, o qual foi roubado numa rua bem movimentada, no coração de São Paulo, em menos de 24 horas recuperou-o, graças à perspicácia da rápida comunicação dos seus vizinhos.
Apesar do mesmo ter feito a ocorrência, já dava como certo o seu enorme prejuízo. Pois, o seu carro, apesar de não chamar muita atenção, devido ao ano de fabricação, o modelo e, principalmente, a sua lataria, era o seu meio de transporte para trabalhar. Portanto, não é nem necessário dizer o quanto ele ficou chateado e frustrado com o tal roubo. Mas nada poderia fazer. Só lhe restava mesmo batalhar para conseguir outro e quem sabe, através da providência Divina, por um milagre, mostrar-lhe um meio de ter o seu carro de volta.
Então parece que Deus guiou, literalmente, o ladrão atrapalhado ao local onde residia o dono do referido carro roubado. Pois, no dia seguinte, ao passar pela mesma rua onde a vítima tem um pequeno comércio, apesar da velocidade, um jornaleiro percebeu o veículo passando e avisou ao seu dono, incontinenti. O qual, mesmo pediu.
um carro emprestado e saiu na captura. Por sorte, ao encontrar um carro da polícia comunicou o fato. Não demorou muito conseguiram localizar o carro estacionado próximo a um bar, mas ninguém por perto para registrar o flagrante. Após a comprovação com documentos e a chave do carro, a polícia levou automóvel para delegacia para registrar outro BO para a devida liberação. Esta só ficaria pronta no dia seguinte.
O dono do carro ao chegar para pegá-lo teve outra decepção muito maior: os dois pneus dianteiros, por sinal, foram surrupiados do pátio da delegacia. Quem foi como foi e a burocracia voltou à tona. Precisando do carro para trabalhar, a vítima em questão não pensou duas vezes. Comprou os dois pneus e retirou o seu automóvel antes que o motor do mesmo tivesse o mesmo fim. E deu o caso como encerrado. Como explicar um roubo atípico assim? “Prefiro não comentar!”. Não é, Arlete Sales?

A MULHER E O MELÃO

Fatos inusitados acontecem em todo lugar. Não é privilégio só das periferias das grandes cidades. Mas este realmente aconteceu na da zona leste de São Paulo. Numa segunda-feira ensolarada, eis que de repente, apareceu na quitanda do Sr. Miguel uma mulher aparentando 25 anos, morena e dotada de um corpo que despertava certa atenção dos homens, principalmente. Laconicamente, pediu um melão. Não perguntou nem o preço. Ao recebê-lo, ali mesmo em pé na calçada, em frente do estabelecimento, foi devorando, paulatinamente a deliciosa fruta. Foi o primeiro passo para chamar a atenção dos transeuntes e de quem estivesse no local. Mas tudo bem. Ninguém comentava nada. Apenas achava aquela cena muito estranha. A mulher em questão, muito menos. Seu olhar parecia não fixar em nada. Também não parecia ter pressa nenhuma. Após saciar o seu apetite, o seu desejo, a sua vontade ou a sua fome, efetuou prontamente o pagamento de 5.00 (cinco reais). Em seguida deixou o local sob os olhares curiosos dos presentes. Mas não andou vinte metros, parou, como se tivesse esquecido algo. E sem mais nem menos começou a se despir. Em poucos segundos ficou do jeito que nasceu. Naquele instante sim, chamou a atenção mais do que nunca, principalmente dos homens que passavam de carro ou a pé pelo local. Até que um conhecido seu passou e chamou a sua atenção por aquela atitude despudorada. Sem nada comentar, vestiu-se como se estivesse só no seu quarto e em seguida desceu a rua como se nada tivesse acontecido.
Segundo os curiosos de plantão, para complementar a sua paranóia, posteriormente ela foi vista deita na grama de um jardim numa pracinha ali perto. Só que desta vez não estava totalmente despida, apenas tirou a blusa, deixando o sutiã. Mesmo assim, continuava chamando a atenção de quem passava pelo local. Desta vez, não foi necessário chamar a polícia. Afinal, naquele estado ela não estava cometendo nenhum atentado ao pudor. Da primeira sim.
O certo é que, o restante daquele dia, na quitanda do Miguel e adjacência, o comentário foi o súbito strip-tease daquela mulher misteriosa, justamente após comer um melão de 2 quilos. Em tom de brincadeira e gozação, comentava-se até que aquela fruta continha algum alucinógeno, afrodisíaco. Ao que o quitandeiro, em tom bem humorado retrucava:
-“Alucinógeno eu não sei, mas agrotóxico eu não duvido nada”!

Posteriormente, o que foi apurado sobre aquela mulher, não é que ela sofria das faculdades mentais, mas sim, que era dependente de drogas e similares, infelizmente.

João Bosco de Andrade Araújo

O SUSTO DO VENDEDOR DE QUEBRA-QUEIXO

Quem foi que disse que as maiores vítimas dos cachorros são os carteiros ou entregadores de gás? Sem dúvida, eles têm vários e tristes casos para contar dos inúmeros ataques desses animais, infelizmente. Só que nestes casos, estes profissionais, devido a sua rotina, aos poucos vão conhecendo os pontos críticos, ou melhor, os locais onde as ameaças caninas são mais corriqueiras. Portanto, tomam algumas precauções e muitas vezes saem ilesos no final do expediente e muito menos tomam sustos à toa.
Porém, com aquele senhor que vende quebra-queixo pelas ruas tranqüilas da periferia onde mora, foi diferente. Apesar do mesmo já ter sido atacado por algum cachorro, jamais esperava o susto que levou certo dia numa rua bem movimentada. Afinal, ele a estava atravessando, gritando como sempre o seu bordão: “OLHA O QUEBRA-QUEIXO!” quando dois cachorros que estavam aleatoriamente no local avançaram em sua direção, tentando atacá-lo. Agindo por instinto, aquele senhor apenas tentou afugentar os animais com gestos bruscos. Mas, vendo que nada adiantava e sentindo-se realmente ameaçado, não teve outra alternativa. Imediatamente, tirou uma faca que ocultava na sua cintura e partiu para cima dos cães que recuaram, por sua vez, assustados e receosos. Não chegou a ferir nenhum deles, mas por pouco.
Foi, sem dúvida, uma cena inusitada e apesar da dramaticidade, chegou a ser um pouco engraçada, principalmente para quem estava só assistindo nas proximidades. Engraçada, sim, só se for para ratificar o adágio popular que diz: “PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO!”.


João Bosco de Andrade Araújo

sábado, 18 de outubro de 2008

Mentiras inofensivas & paradoxos corriqueiros - VI

PEDIR A MÃO DA MOÇA

Esta expressão arcaica – pedir a mão – há muito tempo fora de uso, significava pedir permissão aos pais ou responsáveis para contrair matrimônio com uma jovem. Até aí tudo muito bonito, socialmente falando. Neste último caso faz sentido, visto que, a permissão da mão em si não significava nada para o noivo que, a estas alturas, diga-se de passagem, já deveria conhecer todo o corpo da pretendente. Portanto, se aquela mão que ele, por ventura, atendendo um preceito social tradicional “pedia” falasse, logo estaria acariciando o rostinho de um possível herdeiro.
Quem sabe, a origem do pedido da mão não seria porque é numa delas que a pessoa ostentará a aliança, que é um símbolo, um distintivo perante a sociedade quando a pessoa assumirá um compromisso mais sério? Afinal, a essência de um casamento está inserida na maturidade, no conhecimento e respeito mútuos e acima de tudo, em saber fazer algumas concessões. Quem tentar e quiser fazer dele um negócio é mais do que justo que termine pagando algum imposto.


VOLTO LOGO! OU: VOLTO JÁ!


É muito comum esse sucinto aviso exposto, provisoriamente, em algumas portas ou janelas de algumas repartições públicas, principalmente escritório, salão de cabeleireiro, secretaria de escolas, consultório, enfim comércio em geral, com a nítida intenção de dar uma satisfação aos clientes ou fregueses pelo motivo do fechamento provisório daquele lugar. Acontece que essa desculpa se transforma numa simples balela, considerando o teor indefinido, vago, impreciso do referido teor do aviso. Pois se a pessoa saiu, por exemplo, em determinada hora, ela poderia ser mais objetiva, escrevendo assim:
-“SEM HORÁRIO DEFINIDO PARA REABRIR!” ou.
-“VOLTAMOS A ATENDER APÓS TAL HORA!”.
Sendo assim, os clientes e fregueses poderiam tomar uma decisão também mais objetiva, aguardando a reabertura do local ou desistindo, com receio de perder um precioso tempo.
“VOLTO LOGO!” – ora bolas, LOGO, pelo que se sabe, não é uma palavra que identifica um tempo/hora com precisão. É algo, repito indefinido, impreciso, não confiável, inseguro etc. Nesta circunstância, nos lugares onde há filas, a frase que diz: “SABER ESPERAR É UMA VIRTUDE!” poderia ser alterada, modificada para: saber esperar à-toa é uma atitude idiota de quem não tem nada importante para fazer...


MORTO ou MORRI DE VERGONHA!

Vergonha mata? Pelo que se sabe, susto, sim. Depende muito do coração de cada um. Mas no primeiro caso, quando uma pessoa passa por uma situação vexatória e mexe com o seu brio, o máximo que pode acontecer é ferir o seu orgulho, o seu ego. Só que depois tudo volta ao normal, ou seja, a pessoa continua vivendo o seu cotidiano, normalmente. Portanto, essa frase tão usual e rotineira tem uma força de expressão tão paradoxal que poucos percebem. Diariamente, em vários lugares, fala-se e ouve-se:
-“Olha, fulano, ontem MORRI DE VERGONHA! ou “você demorou aparecer que quase MORRI DE SAUDADE!
E assim por diante. Ora, se uma pessoa está morta, ou seja, morreu, obviamente não poderá jamais sentir nada. O que pode acontecer com ela é ter seu corpo enterrado ou cremado, deixando ou não saudades aos parentes e amigos que ficam.
Por outro lado, dizer que alguém MORREU DE FOME, lamentavelmente tem lógica, o que não deveria ter. Pois, alguém morreu de inanição, por falta de alimentos básicos, isto é profundamente lamentável e até inadmissível.
Quantas coisas e situações inadmissíveis acontecem no Brasil e no mundo e, no entanto, as pessoas que poderiam agir com denodo, responsabilidade, ficam sim, de braços cruzados ou ignorando o problema, sugando nas tetas do governo!

A SORTE EXISTE?

Toda pessoa sempre deseja ter sorte. Infelizmente, ninguém tem o dom ou capacidade de saber o dia de sua gloriosa e festejada visita. O certo é que todos nós, seres humanos, mais cedo ou mais tarde, sentimos a sua presença em várias circunstâncias da nossa vida. Algumas pessoas mais afortunadas a têm como talismã e possuem sua agradável companhia; outras, amiúde. Já a maioria, obcecada pela famigerada sorte se esquece de fazer por onde merecê-la ou perceber os seus sinais. Então, passa a maior parte da vida envolta em uma redoma de comodismo e quando não sente seus sonhos concretizados passa a culpar a sua ausência.
Deixando um pouco de lado esta exaltação gratuita e até desnecessária, gostaria de fazer algumas indagações pessoais e urgentes:
- No campo lúdico eu já fiz de quase tudo para ser merecedor de uma honrosa visita da sorte. Só não fiz bruxaria porque não é do meu feitiço, quero dizer feitio, com perdão do trocadilho. Já rezei até terço bizantino onde mentalizei várias frases do tipo: “se eu for merecedor de ganhar um bom prêmio pretendo ajudar muitas pessoas!” ou “quero ser bom, mas sem passar por bobo” etc. Participei de bolões onde se pensa que as probabilidades são maiores. Já sorteei números previamente para apostar. Apelei para números de placas de carro também. Já quase não tenho mais alternativa. Costumo dizer que jogo para ter o prazer de sonhar com uma vida melhor, caso fosse contemplado com um bom prêmio. Mas todo dia é sempre a mesma coisa: depois que saio da casa lotérica começo a imaginar como seria a minha vida e da minha família, caso fosse merecedor da visita da sorte. Então, no dia seguinte, ao conferir o resultado do sorteio e perceber que nada ganhei, uma frustração momentânea invade o meu âmago e quando chega o final do dia lá vou eu novamente em busca do meu sonho lúdico e habitual. Só espero que este dia não demore muito a chegar, pois a paciência também tem limite. E a minha, espero que não esteja chegando ao fim. Pois cada dia que amanhece é mais uma esperança que renasce. Por isso continuo indagando: A SORTE EXISTE?

João Bosco de Andrade Araújo

SUGESTÃO MACABRA

Se você não suporta viajar ao lado de uma pessoa com criança chorosa, inquieta e, por comodismo, egoísmo ou mesmo ignorância, eis uma sugestão. Faça o seguinte: troque de lugar, sorrateiramente. Se não conseguir, mude de ônibus. Se por acaso isto for inviável, procure uma árvore, munido de uma corda, amarre-a num galho bem grosso, (tal qual você), em seguida passe-a em volta do seu pescoço e... pronto! É só subir e depois se jogar no vácuo... Não se preocupe, a corda tem dupla função: impedirá que você se machuque tal qual como impedirá de você continuar vivendo, principalmente se incomodando com fatos banais, como por exemplo, o choro de uma criança inocente. Ou você se esquece que também um dia foi uma também? Sabe lá Deus quanto trabalho deu aos seus pais.
Se resolver aceitar esta sugestão macabra e fatal, não se esqueça de escrever antes um bilhetinho, despedindo-se dos familiares. Talvez não resolva muita coisa, mas ameniza um pouco o julgamento deles sobre você. Caso não aceite nada disto e chegue a se revoltar com este conselho exótico e aterrorizante, tente pelo menos desabafar com alguém, de alguma forma. O difícil vai ser encontrar esta pessoa. É mais adequado e conveniente então se postar diante de um espelho e olhando para sua própria imagem, com um solilóquio caprichado desabafe de uma vez. No mínimo, se alguém por acaso perceber tal atitude só poderá tachá-lo de louco!!! Mas pensando bem, melhor louco do que suicida, ou não? Afinal, dentre os males, o menor.

domingo, 12 de outubro de 2008

A PESSOA CALOTEIRA

Esse tipo de pessoa – a caloteira - sempre age com segundas intenções. Pois, pensando bem, a falsa humildade no seu semblante é apenas superficial e fugaz. Trata-se de uma arma típica e peculiar de quem pretende aplicar um golpe. Primeiro tenta ganhar a confiança da vítima. Pede um pequeno favor ou empréstimo e o retribui ou paga pontualmente. Isto para, posteriormente, dar o calote que está nos seus planos. Foi, é e será sempre assim, infelizmente. É um como se fosse um jogo sujo que sempre existiu desde os primórdios, ou seja, desde os tempos dos nossos ancestrais.
Atualmente, este tipo de engodo se prolifera porque, pelo visto, o bom caráter está em férias. É simplesmente impressionante como tem gente sempre querendo aplicar “lei do Gérson”, isto é, sempre querendo levar vantagem em tudo, mesmo envolvendo pessoas conhecidas, parentes, etc. Só que existe um grande detalhe que, por sua vez, uma pessoa caloteira desconhece ou se esquece: dor de barriga não dá só uma vez. E outra verdade: mais cedo ou mais tarde ela pagará por atos tão nefastos. Pois a lei da vida é infalível: quem planta, colhe. Nem que seja bem próximo do epílogo da sua passagem por esse planeta. Uma pessoa caloteira pode até mudar o seu itinerário para não se encontrar com um credor, mas jamais será capaz de alterar um milímetro do seu destino.
Parodiando o egrégio Euclides da Cunha em seu renomado OS SERTÕES, tomo a liberdade de afirmar o seguinte: O (A) caloteiro é (a), ante de tudo, um (a) coitado (a).


João Bosco de Andrade Araújo


PS: Não confundir, neste caso, a pessoa caloteira com aquela que, por motivos particulares inadiáveis, resolve postergar algum compromisso financeiro. Não se tratando, neste caso, de uma atitude premeditada com a nítida intenção de usar de má fé, explorando a boa vontade de terceiros.

DESOBEDIÊNCIA: A VIRTUDE ORIGINAL DO HOMEM.

Pode-se até admitir que os pobres tenham virtudes, mas elas devem ser lamentadas. Muitas vezes ouvimos que os pobres são gratos à caridade. Alguns o são, sem dúvida, mas os melhores entre eles jamais o serão. São ingratos, descontentes, desobedientes e rebeldes e têm razão. Consideram que a caridade é uma forma inadequada e ridícula de restituição parcial, uma esmola, geralmente acompanhada de uma tentativa impertinente, por parte do doador, de tiranizar a vida de quem a recebe. Por que deveriam sentir gratidão pelas migalhas que caem da mesa dos ricos? Eles deveriam estar sentados nela e agora começam a percebê-lo. Quanto ao descontentamento, qualquer homem que não se sentisse descontente com o péssimo ambiente e o baixo nível de vida que lhe são reservados seria realmente muito estúpido.
Qualquer pessoa que tenha lido a história da humanidade aprendeu que A desobediência é a virtude original do homem. O progresso é uma conseqüência da desobediência e da rebelião. Muitas vezes elogiamos os pobres por serem econômicos. Mas recomendar aos pobres que poupem é algo grotesco e insultante. Seria como aconselhar um homem que está morrendo de fome a comer menos; um trabalhador urbano ou rural que poupasse seria totalmente imoral. Nenhum homem deveria estar sempre pronto a mostrar que consegue viver como um animal mal alimentado. Deveria recusar-se a viver assim, roubar ou fazer greve – o que para muitos é uma forma de roubo.
Quanto à mendicância, é muito mais seguro mendigar do que roubar, mas é melhor roubar do que mendigar. Não! Um pobre que é ingrato, descontente, rebelde e que se recusa a poupar terá, provavelmente, uma verdadeira personalidade e uma grande riqueza interior. De qualquer forma, ele representará uma saudável forma de protesto. Quanto aos pobres virtuosos, devemos ter pena deles, mas jamais admirá-los. Eles entraram num acordo particular com o inimigo e venderam os seus direitos por um preço muito baixo. Devem ser também extraordinariamente estúpidos. Posso entender um homem que aceita as leis que protegem a propriedade privada e admita que ela seja acumulada enquanto for capaz de realizar alguma forma de atividade intelectual sob tais condições. Mas não consigo entender como alguém que tem uma vida medonha graças a essas leis possa ainda concordar com a sua continuidade.
Entretanto, a explicação não é difícil, pelo contrário. A miséria e a pobreza são de tal modo degradante e exercem um efeito tão paralisante sobre a natureza humana que nenhuma classe consegue realmente ter consciência do seu próprio sofrimento. É preciso que outras pessoas venham apontá-lo e mesmo assim muitas vezes não acreditam nelas. O que os patrões dizem sobre os agitadores é totalmente verdadeiro. Os agitadores são uns bandos de pessoas intrometidas que se infiltram num determinado segmento da comunidade totalmente satisfeito com a situação em que vivem e semeiam o descontentamento nele. É por isso que os agitadores são necessários. Sem eles, em nosso estado imperfeito, a civilização não avançaria.

(In The social soul of a Man under Socialism, 1891)
OSCAR WILDE

OS DOIS LADOS DE UMA QUESTÃO

Mais precisamente no tempo das cruzadas, quando era comum se deparar com jovens cavalgando, aleatoriamente ou cumprindo alguma missão, um fato aconteceu entre dois cavaleiros que, por pouco não se digladiaram , aparentemente, por um motivo banal, fútil, o qual poderia ter sido evitado se um dos dois tivesse usado o bom senso, analisando os dois lados da questão.
Os dois jovens da história medieval seguiam por caminhos opostos quando, de repente, depararam diante de uma pequena praça, onde havia uma estátua de um guerreiro empunhando em u'a mão uma espada e no outro braço, um escudo. Este foi o pivô, o motivo para o começo da discussão entre eles. Pois o primeiro, admirando a respectiva estátua assim falou:
-"Que belo escudo de outro!"
Ao que o outro, logo em seguida, replicou:
-"Que belo escudo de prata!"
- "Santa estupidez ou cegueira do jovem que me contradiz! - Provoucou o primeiro, continuando parado e olhando para a estátua.
- "O cavaleiro é quem é cegou ou ignorante por não saber nem distinguir as cores dos objetos. Pois não percebe que esse escudo é de prata?
-"Pois eu aposto que é de ouro e tem mais: desafio você para um duelo para resolvermos a questão!"
Neste instante, aproximou-se do local alguém mais experiente e após tomar conhecimento da celeuma dos dois jovens, passou a observar os dois lados da estátua e assim falou:
- "Os jovens querem se matar por uma questão que só é vista do lado pessoal? Ou seja: apenas um lado? Pois se vocês observassem com mais atenção, teriam a certeza que ambos tem razão pelo mesmo ponto que os dois discordavam minutos antes. Pois, o referido escudo que está no braço desta estátua realmente é de ouro e de prata simultaneamente. Com um porém: só que cada lado com adorno diferente.


adaptação: João Bosco de Andrade Araújo