segunda-feira, 3 de março de 2014

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                         MISSA DO ARCEBISPO


                            Há coisas que acontecem na nossa vida que não tem muita explicação, apenas hipótese. Por exemplo um vexame que aconteceu comigo numa tarde de domingo lá no seminário. Foi uma situação atípica. Eu estava, sem motivo algum, arrumado como se fosse passear, assistir a algum filme na cidade ou mesmo até assistir a alguma missa, o que seria mais correto. Estávamos conversando, descontraidamente por volta das 17 horas, quando chegou o coordenador da nossa turma, olhou para todos os que estavam ali e percebeu que o único que estava arrumado era eu. E escalou arbitrariamente:
                           -Você Leonam, já que está todo pronto, tem uma missão para você! O motorista do Dom Adelmar está lá embaixo esperando para levá-lo para ir ajudar a missa lá no Palácio Episcopal.
                           Ainda tentei argumentar que nunca tinha entrado naquele suntuoso recinto e nunca tinha ajudado a uma missa de um arcebispo, mas foi inútil. O coordenador não quis saber nem entender do que eu estava falando. E insistiu: vamos, vamos que o Dom Adelmar não gosta de atrasos.
                          Fui então catapultado e em poucos minutos lá estava eu na capela do Palácio Episcopal, neste momento repleta de fiéis. Sinceramente, não sabia nem por onde começar. Ao perceber a minha assustada presença, uma freira veio me perguntar se eu estava ali para ajudar a missa. Ao responder que sim ela orientou-me a falar com o arcebispo que se encontrava no seu escritório no fim do longo corredor. Ao me ver plantado ali, não sei se foi porque ficou assustado, ao tomar conhecimento que eu não tinha arrumado nada na sacristia, simplesmente falou:
                         -Procura o motorista e volta para o seminário e pede para me mandar alguém que saiba ajudar uma missa que já está atrasada.
                         Voltei e dei o recado e outra providência foi tomada. Só que pensei com os meus botões: Tudo isto poderia ter sido evitado se o coordenador apressado tivesse ouvido os meus argumentos. Mas tenho as minhas dúvidas se ele não agiu daquela maneira só para me humilhar. Afinal, nós seminaristas da Diocese de Oeiras não éramos benquistos naquele ambiente, onde havia muitas discriminações e picuinhas.

                                           
                         

0 comentários: