segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SUGADORES DE ENERGIA

Todos sabemos que nenhum ser humano é melhor do que o outro. Alguns podem ter um poder aquisitivo maior, uma vida mais tranquila. Do ponto de vista físico, algumas pessoas podem demonstrar um corpo mais esbelto, forte; outras, nem tanto. Mas tudo é relativo. É uma questão do que se entende por beleza e vida feliz. Porque a beleza, muitas vezes, é interna, isto é, está no âmago do ser humano e ele só consegue demonstrá-la quando fala ou age em determinadas situações. Em síntese, o que pretendo mencionar aqui é que ninguém é igual a ninguém. Como a tendência de quase todo mundo é julgar o ser humano pelo sua aparência, por esse motivo muitas pessoas se enganam, "quebrando a cara" e se decepcionando com os outros. Tudo por causa de um julgamento precipitado e infundado.
Tentarei exemplificar esse tema, citando um caso concreto. Conheço uma pessoa que trabalhou durante cinco anos numa banca de jornal, perto da sua residência e, de certa forma, devido o tipo de atividade, apesar de ser de domingo a domingo, ela se acomodou tanto que desistiu de procurar outro emprego melhor e que ganhasse mais. Afinal, como era alguém que tinha uma boa formação e uma bagagem no currículo considerada boa, mesmo assim optou por permanecer ali até que, por um descuido seu quanto a alimentação, ficou doente, vítima de uma anemia crônica. Alguém da sua família já o tinha alertado sobre aquela atividade praticamente infrutífera. Mas, debalde.
O certo é que, como aquela pessoa tinha ali toda a liberdade de ir e vir, não marcava ponto, podia deixar o local a qualquer hora, o tempo foi passando que ela não chegou a perceber. E diariamente a presença marcante de aposentados ou outras pessoas desocupadas, todas portadoras do mesmo papo-furado, vazio, na sua opinião, sempre envolvendo a vida alheia, quando não era política, futebol já fazia parte da pauta, mas tudo de maneira debochada, irônica. Enfim, tudo era só pra passar o tempo. Em resumo, por mais que se esquivasse de alguma conversa fiada, a pessoa em questão que já estava saturada com tudo aquilo. começou a perceber que aqueles indivíduos não eram outra coisa senão, sugadores de energia. Repito, não que ela quisesse se considerar melhor do que os demais. Mas, percebendo que daquele mato não iria mesmo sair coelho, aproveitando que já estava debilitado com aquela doença, não esperou nenhuma data especial e simplesmente falou ao dono da banca que não precisava contar mais com a sua presença naquele ponto comercial. E sem olhar para trás ou deixar saudades, preferiu o aconchego do seu lar.
Após deixar aquele ambiente sórdido, fez um tratamento, cuidou da sua saúde e sentiu-se bem melhor em todos os sentidos. Sem querer cuspir no prato em que comeu, sempre que encontra alguém que ainda frequenta aquele local, cumprimenta-o e só não diz que tem muitas saudades do tempo que prestava serviço ali. Pois aí já seria uma mentira deslavada e dificilmente ninguém acreditaria nisso. Afinal, há limites para tudo nessa nossa vida!


João Bosco de Andrade Araújo

joboscan50@yahoo.com.br

0 comentários: