quinta-feira, 9 de março de 2017

60 - PARADOXOS CORRIQUEIROS

            “Vou matar ou matei a saudade de vocês!”

             Afinal, quem mata uma saudade pode ser chamado de assassino? Brincadeira à parte, esta é mais uma expressão que traz no seu bojo um paradoxo corriqueiro, ao mesmo tempo, supondo-se uma mentira inofensiva impressionante. Inegavelmente, costuma-se dizer que a palavra saudade só existe em português, mesmo assim, quase ninguém titubeia em “matá-la” quando resolve visitar um parente ou amigo em outro lugar. E mesmo após agir assim, faz sempre questão de escrever ou dizer tal expressão desta maneira: “Ainda bem que agora matei esta saudade!”. Uma prova que isto realmente não tem lógica é que após alguns meses ou anos que tal fato aconteceu, se esta pessoa “matou a saudade”, como se explica que logo depois ela veio a renascer? Será que ela é como se fosse assim o galho de árvore ou mesmo uma folha que é arrancada e depois de algum tempo volta a nascer e assim por diante?. O que só podemos lamentar mesmo é a dura expressão “eu matei ou vou matar a saudade de um lugar ou de uma pessoa!”. E quanto a isto, realmente, ninguém pelo visto pretende mudar esta maneira de se expressar. A tendência é continuar falando sempre assim mesmo. Quanto a isto ninguém tem a menor dúvida.



                                                    João Bosco de Andrade Araújo

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