“Vou matar ou matei a saudade de
vocês!”
Afinal, quem mata uma saudade pode
ser chamado de assassino? Brincadeira à parte, esta é mais uma expressão que
traz no seu bojo um paradoxo corriqueiro, ao mesmo tempo, supondo-se uma
mentira inofensiva impressionante. Inegavelmente, costuma-se dizer que a
palavra saudade só existe em português, mesmo assim, quase ninguém titubeia em
“matá-la” quando resolve visitar um parente ou amigo em outro lugar. E mesmo
após agir assim, faz sempre questão de escrever ou dizer tal expressão desta
maneira: “Ainda bem que agora matei esta saudade!”. Uma prova que isto
realmente não tem lógica é que após alguns meses ou anos que tal fato
aconteceu, se esta pessoa “matou a saudade”, como se explica que logo depois
ela veio a renascer? Será que ela é como se fosse assim o galho de árvore ou
mesmo uma folha que é arrancada e depois de algum tempo volta a nascer e assim
por diante?. O que só podemos lamentar mesmo é a dura expressão “eu matei ou
vou matar a saudade de um lugar ou de uma pessoa!”. E quanto a isto, realmente,
ninguém pelo visto pretende mudar esta maneira de se expressar. A tendência é
continuar falando sempre assim mesmo. Quanto a isto ninguém tem a menor dúvida.
João Bosco de Andrade Araújo
0 comentários:
Postar um comentário