segunda-feira, 26 de novembro de 2012

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                                           CAPÍTULO 6


                                                                                  1963


                              No início deste novo ano letivo de 1963, logo que chegamos, para grande alegria de todos nós tivemos uma alegre e boa surpresa: o reitor Padre Albano autorizou a limpeza de um terreno contígiuo ao nosso campinho de futebol e mandou costruir um outro em tamanho quase que oficial. Só faltou o gramado. Mas, tudo bem. Este foi o prenúncio de muitas outras novidades que nos aguardavam, principalmente quanto ao nosso lazer. Mas para bem usufruir de tudo isto, tudo dependia do nosso comportamento em todos os sentidos.
                             Como reza o adágio popular: "após o mel vem o fel". O que eu quero dizer com isso? Ora, ao redor do novo campo de futebol, o reitor também aproveitou para mandar plantar várias goiabeiras. Sim e daí? Perguntará o leitor. O que isto tem a ver conosco? Simplesmente foi estipulado que haveria um rodízio entre a nossa turma e cada dia da semana, uma seria responsável para aguar todas as goiabeiras, enquanto os demais colegas jogavam bola ou se divertiam com outras atividades. Mas ninguém reclamou. Afinal isto não seria nenhum tipo de castigo, pelo o contrário, tudo seria para o nosso bem num futuro próximo.

                                 Mesmo o ano letivo tivesse começado, continuava chegando novos colegas. Teve um, inclusive, que nos chamou a atenção em especial. O pobre garoto vinha de uma família tão necessitada, pobre, meterialmente, que o garoto quando abriu um malote de madeira, praticamente estava vazio. O reitor, imediamentamente, durante a missa pediu uma ajuda imediata às pessoas que ali estavam, no sentido de prover aquele aluno com algumas peças de roupas, calçados, etc. E não demorou muito, o retorno começou a aparecer. O Padre Albano pediu-me logo que começasse a ensiná-lo o básico do latim, no sentido do mesmo ter pelo menos uma noção de como ajudar uma missa, se escaldo fosse. Ela era muito arredio, triste, macambúzio. Mas como o passar do tempo foi se soltando, isto é, melhorando, conversando, brincando mais.

                              Mas todo o meu esforço para para ensiná-lo um pouco de latim foi quase em vão. Pois no dia 3 de Junho deste mesmo ano faleceu em Roma o representante máximo da Santa Igreja Católica, o Papa João XXXIII. Em seu lugar, foi escolhido o Cadeal de Milão, Giiovanni Battista Montini, o qual escolheu o título de Papa Paulo VI. Foi eleito no dia 21 de Junho e assumiu com uma missão precípua e imprescindível de reabrir o Concílio Ecumênico, suspenso durante a doeça do seu antecessor. E uma das primeiras medidas do novo Papa foi abolir o latim nas celebrações religiosas, autorizando a Igreja Católica em todo o mundo a oficalizar as Missas em suas respectivas línguas, ou seja, o latim deixaria de ser a língua oficial, deixando de ser um monopólio religioso. No início, não resta dúvida, foi tudo muito estranho, principalmente, considerando que o padre, a partir daquela data, celebraria a Santa Missa de frente para os fiéis e não mais de costas como era realizado até então.


                                          Próxima postagem: Segundo semestre de 1963

0 comentários: