terça-feira, 3 de novembro de 2009

AO LADO DE UMA LIXEIRA, UM CARRO!

Pra começo de assunto, posso garantir que esse carro citado não é de brinquedo. Pois bem, a cena que eu vi certo dia na rua onde moro fugia um pouco do normal, ou seja, era atípica. Isto é, bem diferente daquelas que ocorrem, diariamente, nas periferias das grandes cidades. Estou falando de um coletor de materiais recicláveis que fazia a sua tarefa, usando um carro de passeio, por sinal, bem conservado. A grande diferença que chamava a atenção de qualquer transeunte era a quantidade produtos já armazenada, principalmente no suporte que colocou no teto do seu automóvel. E pelo que se podia constatar é que aquele senhor não era nenhum principiante naquele ramo de negócio autônomo. Pois demonstrava ser bastante esperto, determinado e educado.
Em síntese, aquele homem não agia como outras pessoas, que mesmo demonstrando-se carentes, necessitadas, mesmo assim, parecem sentir vergonha daquele serviço, chegando a executá-lo de maneira displicente, rápida e acima de tudo, desatenciosa, chegando a deixar alguns objetos para trás, que fariam alguma diferença no final da pesagem. Então, aquele catador de papelão, latinha, etc parecia seguir à risca o que bem escreveu o renomado Dom Hélder Câmara: “Tudo na vida que se quiser fazer tem que ser bem feito: desde pilotar uma nave espacial a apontar um lápis!”. Portanto, lá ia ele dirigindo tranquilamente o seu carrinho abarrotado de produtos para vender no ferro velho e sempre parando e vasculhando aquelas lixeiras que lhe permitiam acesso.
Vai saber a quanto tempo ele está nessa labuta! O certo é que ele não parecia se importarar com o que as outras pessoas pensariam a seu respeito e muito menos com possíveis críticas. Tudo indica que tudo isso ele, certamente, perdoaria, menos alguma calúnia com referência ao seu carrinho bem conservado, que ele usava no seu árduo trabalho diário que tanto o enobrece.
Quem sabe, num final de semana qualquer, após lustrá-lo, até convocaria a sua família para um passeio à Aparecida do Norte, Santos ou outra cidade e ao passar por algum pedágio, qual funcionário que iria querer saber qual a sua profissão? Já em outra circunstância, mesmo que um polícial rodoviário, numa blitz de rotina o interpelasse sobre tal assunto, ou seja, desejando saber a sua profissão, no mínimo, ao responder que era catador de lixo, é bem possível que aquela que o dito cujo se sentisse ofendido, achando que aquele motorista estivesse tirando um sarro da sua cara, desrespeitando a sua autoridade, o que na realidade, o que ele estava dizendo era a mais nítida e pura verade, muito embora ainda tenha gente que não saiba dar valor quem executa uma profissão tão humilde como essa. Sendo que, o mais importante é a responsabilidade em tudo aquilo que se pretende fazer. O resto é resto. Muito embora, várias coisas estejam no lixo, muitas poderão ser aproveitadas e, posteriormente, recicladas, o que garante algum emprego e resultará em algum recompensa monetária. Afinal, de grão em grão, a galinha enche o papo!.Já com relação ao catador que foi motivo dessa crônica, de produto em produto, paulatinamente, ele lota o seu carro e o seu bolso, por que não?

João Bosco de Andrade Araújo
www.joboscan.net

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