terça-feira, 17 de novembro de 2009

O SONHO DE CONSUMO DO SEU DITO

O senhor Benedito, mais conhecido por todos daqui do nosso bairro como seu Dito, um aposentado de 78 anos completados recentemente, sempre teve como um assunto predileto em suas conversas diárias o tema carro. Isso se dá, talvez, por ter trabalhado durante muitos anos como taxista e, posteriormente, como motorista de várias empresas nacionais. Portanto, ele sempre trouxe no seu âmago uma imensa vontade de possuir um automóvel pra chamar de seu. Apesar da sua Carteira de Habilitação está vencida e com um vida bastante endividada (mas, afinal, quem não a tem?) mesmo assim ele sempre insistiu em encontrar um meio, de um dia feliz, comprar um carrinho bom, barato e econômico. Sempre que lhe sobra alguns trocados da sua pequena aposentadoria apela para a sorte, através de um jogo bastante conhecido. E como sempre apostou pouco, de vez em quando, também ganha um parco prêmio que não dá para comprar nem uma bateria ou pneu, quanto mais um carro. E assim o tempo foi passando e ele sempre sonhando. Como sempre se fala por aí, nunca desistiu dos seus sonhos.
O certo ou errado é que o seu Dito, após terminar de pagar um dos seus empréstimos bancários, tão logo encontrou uma boa oportunidade, fez outro imediatamente e fechou o negócio com uma pessoa conhecida aqui do bairro que estava vendendo um Monza Classic, ano 1998. Não é nem necessário descrever o contentamento desse senhor aposentado tão logo recebeu a chave e documento do seu carro. Imediatamente, estampando um sorriso incomensurável no seu semblante enrugado e entre uma tragada e outra no seu inseparável cigarrinho, ele saiu contando para um e outro a sua grande façanha. E se alguém duvidasse, ele ostenta a chave do automóvel como um troféu.
Só que, no mesmo dia em que comprou o seu carro, ele já estava procurando algumas pessoas para ajudá-lo a colocá-lo na sua garagem. Pois a bateria estava descarregada. E a sua maior preocupação não era tanto com o seu carro sem partida, mas sim com as fofocas dos vizinhos. Pois, segundo o mesmo, tinha muito receio de olho gordo. Tenha santa paciência, seu Dito!!! E que Deus o proteja, dando-lhe muita sorte com o seu carro. E deixa quem quiser falar seja o que for. Bata no seu peito e, se possível, escreva algo assim: “Não digas ao mundo o que és capaz, demonstre-o!”. Além do mais, um senhor que completou,recentemente, 78 anos de idade e confessa que ainda tem uma vida sexual ativa, esporadicamente, por que não pode sair por aí, dirigindo um Monza Classic que é agora é todo seu? Vai passear, seu Dito, se possível, chama a sua companheira de muitos anos e vão à Aparecida do Norte, pelo menos, mas não se esqueça de agradecer a Deus por essa conquista. E que Ele o proteja dos amigos do alheio, evitando que alguém lhe diga :”monza ao alto!”...Desculpe-me, seu Dito, é brincadeira!!! A sua pessoa não merce isso. Mas como o senhor também se considera um “gozador”, literalmente, resolvi finalizar essa crônica com esse humor atípico!


João Bosco de Andrade Araújo

www.joboscan.net

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