sábado, 15 de maio de 2010

FATO VERÍDICO

Sr. Sílvio era um homem muito organizado, metódico, mas devido o seu perfeccionismo doentio chegava, amiúde, a exagerar com algumas atitudes estúpidas e arrogantes, principalmente com os próprios familiares. Não costumava a tolerar deslizes, irregularidades, ofensas, etc. Para ele, tudo tinha que ser bem certo, correto, limpo. Talvez por esse TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) aconteceu, infelizmente essa tragédia à sua família...
Era casado, pai de dois filhos. Aparentemente, demonstrava ter muito carinho e amor à sua família. A sua vida transcorria às mil maravilhas. Inclusive chegou a comprar um carro, por sinal, novo, bonito e econômico. Até aí nada de anormal. Afinal, um carro, em muitos casos deixa de ser um objeto de luxo, passando a ser até uma necessidade, principalmente para quem tem família. O certo é que, a partir desse dia, o Sr. Sílvio só falava desse carro e cuidava do mesmo com tanto carinho que esquecia até a hora de se alimentar e de outras atividades fundamentais. Aquele automóvel realmente estava deixando aquele senhor obcecado.
Certo dia, o seu filho mais velho, isto é, de 5 anos, numa atitutde arteira e própria da sua idade, sem querer, danificou um pouco a lataria do carro da família. Para o Sr. Sílvio aquilo foi algo trágico como se fosse o fim do mundo. Então, no auge do seu nervosismo, ao invés de castigar ou falar sério com o filho, pelo contrário, bateu erroneamente com muita força na mão do garoto, cujo resultado desse seu gesto estúpido não poderia ser pior. Algum tempo depois, devido complicações na circulação do sangue no corpo do seu filho, os médicos não tiveram outra alternativa: para salvar a vida do pequeno paciente, infelizmente, só havia uma alternativa: teria que amputar uma das mãos...
O remorso do Sr. Sílvio foi tão grande que ele não conseguia dormir nem muito pior se alimentar normalmente. Por fim, com o apoio da esposa e outros familiares resolveu ir visitar o filho no hospital, após a fatídica cirurgia. Ao ver o pai pesaroso e triste, aquele garoto, no auge da sua inocência, proferiu uma frase que, sem dúvida, foi a gota d’água no sentimento transtornado daquele homem arrependido:
-“Pai, se eu prometer nunca mais reiscar o seu carro novo, você promete também devolver a minha mão?!”
Sem resposta ou outro argumento, o Sr.Sílvio simplesmente saiu dali e numa atitude anormal entrou no carro, pegou uma arma que ele guardava e estupidamente partir para o outro mundo...


João Bosco de Andrade Araújo

Joboscan50@yahoo.com.br

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