quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                                     Capítulo XI


                                                              UM SENHOR CASTIGO


                           Após a oração da noite daquele fatídico dia, o reitor pediu através do coordenador da turma, que permanecêssemos na capela, aguradando o seu retorno da cidade de Picos. Ninguém ali imaginaria o que ele iria nos dizer. Mas, logo que ele entrou, pelo seu semblante sério dava perceber que a notícia não era nada alvissareira. E como a hora já estivesse bastante avançada, ele foi direto ao assunto: como  não poderia deixar de ser, foi referente ao meu péssimo comportamento com relação à professora naquela tarde. Portanto, a humilhação, a admoestação nesta oportunidade foi algo fora de sério. E já no final foi aplicado o seguinte castigo:

                     - O desacato à nossa querida professora Raquel pelo insubordinado aluno Leonam foi algo inadmissíel e execrável. Fato lamentável este que foi suficiente para que ela pedisse o seu desligamento do quadro docente do nosso colégio, o que não foi consumado.Então, como é um caso atípico e próprio de expulsão, resolvi aplicar, por enquanto, ao infrator, um castigo mais severo, esperando que ele se conscientize e se regenere da sua irresponsabilidade descabida. A pena consiste em três dias de INCOMUNICABILIDADE, ou seja, ele poderá permanecer no ambiente do grupo, ou seja, refeitório, dormitório, sala de aula, capela, mas só que ficará totalmente incomunicável. E ninguém mais lhe poderá dirigir a palavra seja pra que for. Caso for constatada alguma infração, o castigo será dobrado.

                     Enquanto nos encaminhávamos para o dormitório, pensei erroneamente com os meus botões; "vou tirar este castiguinho de letra, Padre Albano".  Mas estava redondamente equivocado. O primeiro dia parecia que nunca ia chegar ao fim. Procurava até ficar na hora do recreio, por livre e espontânea vontade, bem longe dos colegas. Chegando a me comparar com alguém que tivesse com alguma doença contagiosa. Mas só que a culpa daquela situação era só minha. O reitor até que foi tolerante com relação ao meu péssimo comportamento.

                     O segundo dia ainda foi pior. Pois como chovia bastante a melancolia foi maior. Tinha que procurar um local para o meu isolamento. Um detalhe: na hora da refeição, apesar da comida ser igual, parecia sem gosto, sendo assim não me alimentava corretamente. Outro detalhe: antes do meu castigo, na hora das refeições, enquanto um aluno ficava lendo algum livro de conhecimentos gerais, o restante da turma permanecia em silêncio. Com a minha punição ele cancelou a leitura e liberou a conversa em geral, propositadamente, devido a minha punição de incomunicabilidade. E sendo assim, até parecia que os colegas conversavam e riam além do normal. Mas tudo era impressão minha.

                     Finalmente raiou o terceiro e último dia de castigo. Este, devido a minha expectiva, ansiedade pareceia que ia passar mais devagar. Após as aulas, o Padre Albano fez então uma grande surpresa a todos: entregou uma bola oficial de futebol novinha. A minha vontade de jogar foi tamanha que não resisti e me humilhei: na hora em que ele ia levar os professores e o jogo iria começar, aproximei-me e pedi permissão para jogar. A resposta foi curta e grossa:

                      -Não.
                    
                     Nesta ocasião, por mais que quisesse assistir um pouco ao jogo, o meu orgulho ferido de adolescente rebelde e ferido não resistiu. Refugiei-me no interior do prédio e lágrimas cálidas rolavam no meu semblante. À noikte, o momento mais agurdado. O reitor, em poucas palavras decretou o fim daquele castigo cruel. A partir do dia seguinte o meu relacionamento voltaria a ser normal. E foi o que realmente aconteceu.


                                 CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA POSTAGEM

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