sábado, 18 de janeiro de 2014

ADMOESTAÇÃO (QUASE) INÚTIL

                             Quem pega condução diariamente, seja ela qual for, sempre se depara com pessoas de todos os tipos, quero dizer, simpáticas, carrancudas, tristes, alegres, bem ou mal-educadas e também com situações constrangedoras, discussões e até brigas. É muito raro não acontecer isto durante uma viagem de ônibus, metrô, trem ou lotação. É verdade que nenhum passageiro gosta de situações assim. Só que, dependendo do caso, não se tem como evitar.
                             Por falar neste assunto, a cena que presenciei há poucos dias, a princípio pensei que não fosse dar em nada. Mas me enganei. Pois tal qual um pequeno riacho que percorre seu caminho solitário e depois se encontra com outro e juntos vão se transformar num caudaloso rio, assim também foi aquela pequena admoestação que uma passageira fez, ao pedir, educadamente a um rapaz que parasse de bolinar uma adolescente que estava em pé bem ao seu lado. No início, o aproveitador fingiu-se de surdo. Não deu bolas para o que aquela indireta daquela senhora. E como a jovem também não falava nada e não se demonstrava importunada com o que aquele rapaz estava fazendo ou pretendendo algo mais, também ignorou totalmente as palavras daquela passageira. Fingiu também que nada daquilo fosse com relação à sua pessoa. Foi então que, ao tentar mais uma vez advertir à jovem do perigo que estava lhe rondando com aquela apalpação e encosto propositais, foi mais direta e incisiva:
                           -A gente tenta ajudar as pessoas mais jovens, mas pelo visto não adianta nada mesmo. Estou percebendo claramente que este elemento está tentando abusar de você, garota, mas parece até que você está até gostando. É por estas e outras que depois algumas mães chegam lá na Vara da Infância e Juventude chorando e se lamentando: "Um tarado abusou da minha filhinha inocente e virgem. E agora?"
                            Neste momento o rapaz se tocou e arrumou um subterfúgio, alegando que a mochila de outro passageiro o estava forçando a encostar daquela maneira naquela garota. Mas não colou. Pois logo foi desmascarado quando a mulher se levantou e percebeu que ali não havia ninguém com mochila. Sendo assim, rapidamente, tentou pagou a passagem e desceu logo, antes que acontecesse algo pior para ele.
                          Mas o pior deste caso ainda estava por vir. Tão logo o tal aproveitador desceu, a celeuma recomeçou entre a jovem e aquela senhora que estava lhe tentando ajudar. E a discussão ficou acalorada logo após a senhora ter se expressado assim:
                           -Minha filha, eu apenas estava tentando lhe defender daquele pedófilo...pois eu quero o seu bem!...
                           -Olha aqui, em primeiro lugar não sou sua filha e em segundo, não quero que ninguém me defenda ou deseja o meu bem, coisa nenhuma. Vai cuidar da sua vida que é melhor. Vê se me erra, dona!"
                           Percebendo que seria inútil continuar com qualquer conselho, simplesmente aquela passageira finalizou:
                          -Está bem. Desculpe-me se eu tentei ajudá-la, mas não fui entendida!
                           E assim aquela celeuma foi encerrada, deixando todos os outros passageiro atônitos com a reação daquela adolescente rebelde.

                                                                 Joboscan

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