segunda-feira, 1 de outubro de 2012

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                                  CAPÍTULO 3

                                                OS PRIMÓRDIOS DE UMA VOCAÇÃO


                No final de 1961, O Padre OAgostinho Rocha, vigário de Simplício Mendes, teve uma conversa séria comigo e, principalmente com os meus pais. O assunto principal foi sobre a minha vocação sacerdotal. Então ele explicou detalhadamente alguns pontos importantes sobre esta séria decisão, deixando bem claro as vantagens ou desvantagens de ficar internado tão cedo num colégio. Então após ficar ciente sobre o nosso ponto de vista, deixou bem claro que, após a reunião do clero, ficaria decidido quanado o pré-seminário localizado na cidade de Picos seria inaugurado. A partir deste dia, a nossa família começou a se movimentar para preparar o meu pequeno enxoval e eu, principalmente, comecei a me preparar, ao mesmo tempo, psicologicamente. Lembro-me inclusive que nesta oportunidade a minha mãe, como era muito emotiva, chorou só em imaginar ter um filho estudando para se tornar um padre, que era o nosso maior sonho. De vez em quando deixava transparecer alguma apreensão materna sobre a hipótese de alguma doença, acidente, pois como eu era muito raquítico, estava propenso a estas vicissitudes. Sobre isto também começou a tirar algumas dúvidas com o pároco, o qual a deixou mais conformada e otimista sobre a minha vida longe dos seus afagos e de sua companhia. Deixando bem claro que, inicialmente, qualquer resquício de saudade, tristeza, lembrança, seria natural. Isto aconteceu com ele e todos os demais pessoas que tomaram uma decisão similar.
               Logo que os meus colegas de escolar ficaram sabendo começaram com as primeiras gozações, mas já pondo em prática as orientações do vigário, relevava tudo e procurava nunca me irritar, como por exemplo, quando diziam com prenúncio zombeteiro e de chacota que, logo logo eu estaria usando "saia", isto é, referindo à batina que os padres usavam naquela época, mas logo tal vestimenta sacra fora abolida.
               A notícia da minha ida para o pré-seminário foi dada oficialmente durante uma missa bem no final desta ano de 1961, quando o Pe. Agostinho pediu a colaboração das pessoas, no sentido da preparação da lista de material que eu iria precisar levar e a minha família não tinha condições financeiras. Naquele exato momento, inclusive, eu estava ajudando na celebração e este comunicado me deixou profundamente emocionado, principalmente quando passei a receber os cumprimentos e votos de muitas felicidades no novo rumo que eu iria tomar a partir de 1962.


                                      (É o que veremos no próximo capítulo)

                                                         Aguardem!

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