segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                                        CAPÍTULO 7


                                                              ANO LETIVO DE 1964




                       Logo no início desse ano letivo de 1964 fomos contemplados com um ótimo passeio numa chácara próxima da cidade de Picos. Passamos o sábado todo lá, usufruindo das belezas do lugar. No local havia uma grande piscina. Para quem sabia nadar foi um ótimo programa. Afinal, como sempre, estava muito calor. Para quem não sabia, ficava só olhando ou se divertindo com outras coisas. Eu, particularmente, fazia parte deste segundo time. O Padre Albano até tentou me ensinar. Mesmo assim não aceitei. O medo venceu a vontade. No final do dia regressamos ao nosso aconchego, todos bem alegres e satisfeitos.
                      É impressionante como o ser humano sempre gosta de criticar o sistema, a política, a sociedade e as pessoas em geral. Na nossa comunidade também não era nada muito diferente, ou seja, não era nenhuma exceção. Sempre que ingressava algum novato em nosso meio, ficávamos atentos quanto a sua adaptação, os seus comentários. Pois como veteranos estávamos sempre dispostos para tirar qualquer dúvida de qualquer recém-chegado. As vezes, ouvíamos algumas reclamações quanto a comida ou o regulamento por parte de alguns deles, o que não tinha nenhum fundamento. Por exemplo, com relação às refeições, sabíamos que a nossa cozinheira e sua pequena equipa não tinham nenhum culpa quanto a variedade dos alimentos que nos eram servidos. A função delas era simplesmente cozinhar, o que faziam sempre com muita boa vontade e higiiene e a comida, por sua vez, era sempre apetitosa, saborosa. De maneira geral, na realidade, não podíamos nem reclamar de nada, pois ninguém ali pagava nada. E sim a nossa Diocese e a paróquia de Picos, através dos fiéis.
                    Na hora da limpeza do prédio todo que era realizada aos sábados, percebíamos quem realmente fazia corpo mole. Geralmente eram aqueles metidos a filhinhos de papai, ou seja, cujos pais vinham sempre visitá-los e traziam algumas guloseimas. Estes costumavam fazer corpo mole e na hora de trabalhar sempre inventavam alguma dor de barriga. Mas quando a tudo terminava, os falsos doentes, como num passo de mágicas, lá estavam na hora do recreio se divertindo normalmente.


                                        Próxima Postagem: MINHA SÚBITA METAMORFOSE

0 comentários: