quinta-feira, 11 de abril de 2013

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                         CAPÍTULO XVII

                                              UMA VIAGEM DESCONFORTÁVEL


                      Diz o ditado popular com toda a razão que "O barato sai caro". Esta é a mais pura verdade. Outra coisa que aprendi nesta ocasião - minha viagem para a capital piauiense - foi que realmente não se deve confiar cegamente em muitas pessoas.
                     Aconteceu o seguinte: o meu cunhado, Dorival Rocha, com as melhores intenções, até que tentou me ajudar, falando aos meus pais:
                     -Não precisa comprar passagem para o Leonam. Eu sou muito amigo do dono da empresa de õnibus, inclusive o condutor e o motoristas até me devem alguns favores. Pode deixar que eu vou falar com eles. O menino vai de carona. O dinheiro que iria gastar com a passagem já serve para comprar algum material escolar lá em Teresina.
                      Como ele garantiu que não haveria nenhum problema, meus pais aceitaram a sua proposta. Inclusive, para a minha suposta tranquilidade, eu iria viajar na companha do Anaílton, um outro seminarista conterrâneo que estudava em Fortaleza e iria viajar no mesmo ônibus até Teresina. O qual se prontificou de me apresentar lá no Seminário Arquidiocesano e depois seguiria ao seu destino final. Cumpriu o que prometeu só que dos contratempos da fatídica viagem ele ficou isento, uma vez que ele pagara a sua passagem.
                     Pra começar o referido ônibus tinha um grande local na parte superior, onde além das bagagens eles colocavam mercadorias de todos os tipos: sacos de mantimentos, pássaros, porcos, galinhas etc. Ser humano neste local, o que além de ser proibido, era só num caso de emergência. E justamente neste dia, como havia muitos passageiros, eu fui uma emergência, uma vez que estava viajando de graça.
                    Antes da partida, vimos o Dorival conversando com o condutor e o motorista, apontando em minha direção, que inclusive já estava sentado no interior do ônibus, ao lado do meu colega. Inclusive, dava para perceber que a lotação estava completa. Jamais passaria pela minha cabeça que na próxima parada, com a chegada de mais passageiro que pagou a passagem, eu iria ser jogado lá para cima, como se fosse um mero objeto, um saco de farinha. E foi aqui que começou a minha triste aventura. Antes de chegar em Teresina, enfrentamos um temporal daqueles e quem estivesse ali em cima, teria que se cobrir com uma lona suja, fétida, tornando o ambiente muito abafado, sem falar no mau odor das aves e outros animais que ali estavam. Após muito sufoco, chegamos a Teresina, graças a Deus, eu ainda estava vivo. Mas o desconforto de tal viagem foi marcante, sem falar no perigo daquele bagageiro na parte superior do ônibus. Parecia até que eu estava vivendo, sofrendo um terrível pesadelo.


                                 Joboscan de Araújo

                                                            Próxima postagem: Chegada ao Seminário: Mais frustrações!

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