quarta-feira, 19 de junho de 2013

"QUEM SABE FAZ A HORA NÃO ESPERA ACONTECER"

                                 Confesso e reconheço que o título acima não é original. Sabemos que é uma parte do refrão da belíssima canção censura e, posteriormente liberada do injustiçado Geraldo Vandré, que participou do Festival da Canção nos anos 70. PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES foi mais do que uma simples música, mas um hino da democracia que ainda estava recôndita no âmago dos brasileiros. Segundo foi noticiado, o trecho que censurado foi o seguinte:"Há soldados armados, amados ou não/ Quase todos perdidos de armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam a antiga lição/ De viver pela pátria ou viver sem razão". E em seguida o famigerado refrão: "Vem, vamos embora que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora não espera acontecer". 
                                 Então, nos dias atuais, mais precisamente com o início da Copa das Confederações aqui no Brasil, uma multidão de pessoas, à princípio bem orquestrada por alguns partidos políticos ou não, saiu de casa, invadindo ruas e avenidas, muitos munidos de panfletos de protestos e reivindicações. Na primeira pauta, aproveitando o ensejo do aumento das passagens de ônibus, muitas pessoas achavam que se tratava apenas do aumento de 0,20 (vinte centavos) na tarifa dos transportes públicos. Mas, na realidade, este foi apenas o trampolim para que outros itens de inconformismos, de aberrações, de injustiça, de descaso com o povo brasileiro foi tomando força na voz e nos atos.
                                O único ponto negativo de todos estes protestos e passeatas foi a infiltração de alguns grupos de vândalos que aproveitaram o ensejo para danificar, quebrar, pichar, enfim, fazer arruaças, fazendo com que a tropa de choque e a polícia em geral reagisse com rigor, chegando até extrapolar em algumas ocasiões, como foi registrado pela mídia. Não me cabe aqui ser um advogado do diabo para dizer quem estava certo ou errado durante toda esta confusão desorganizada e violenta que se proliferou em vários setores das grandes cidades, a começar por São Paulo. E pelo visto, estas manifestações não vão para por aqui. Só é lamentável é que se percebe a falta de uma liderança mais íntegra e objetiva, fazendo-se presentes no momento em que mais se precisa dela, por exemplo, na hora em que as autoridades se colocam à disposição para saber qual a razão destes protestos, destas passeatas. Percebe-se raríssimas aparições de poucos porta-vozes deste povo inconformado e com razão pelo descaso do governo em vários setores da nossa sociedade, ao mesmo tempo que chama o povo de palhaço, entregando vários estádios que custaram milhões/bilhões do nosso bolso e além do mais, sabendo que alguns destes estádios são considerados elefante branco, pois depois desta copa ou da Copa do Mundo ficarão às moscas. Enquanto isto, milhares de pais de famílias estão aí com os seus filhos precisando de creches e escolas caindo aos pedaços e hospitais e prontos-socorros à deriva.
                               Sabemos que todos temos o direito de protestar. Mas tudo tem que ser dentro da lei, respeitando ao mesmo tempo o direito dos outros. E durante esta avassaladora onda de protestos e passeatas muitos casos de covardia absurda foram testemunhados, muitos embora a repercussão não tenha sido registrada com o devido merecimento. Para quem quiser se inteirar de um ato destes, por favor, procure ler a crônica do jornalista ROBERTO POMPEU DE TOLEDO na última página da revista VEJA desta semana, cujo título é Herói pelo que não fez, onde ele, magistralmente, retrata o drama que passou o soldado da PM paulista, Wanderlei Paulo Vignoli, de 42 anos, quando ao abordar e proibir um manifestante de pichar um dos muros do Palácio da Justiça, sede do Poder Judiciário de São Paulo, que após dominar o pichador caiu e quase foi linchado por outros manifestantes.


                                                         Joboscan de Araújo

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