domingo, 2 de junho de 2013

UMA INUSIATADA DOAÇÃO DE LIVROS E REVISTAS

                               Desde criança que sempre tive um apreço muito grande pelos livros e, principalmente, todo o tipo de leitura sadia. A bibliofilia nunca mais me abandonou. Durante a minha juventude, por onde morei e estudei, a leitura de livros e revistas se transformou numa obsessão tão grande que, após o meu casamento, as pessoas que iam à minha residência logo ficavam admiradas pela quantidade de livros e revistas que a primeira indagação era sempre a seguinte:
                              -"Nooossa! Quantos livros? Você já leu tudo isto?"
                              O certo é que, com o passar dos anos e com a minha família aumentando assim como também as despesas e responsabilidades, pouco a pouco a aquisição de livros e revistas diminuiu bastante. Mas parar, nunca. Sendo assim, modéstia a parte, orgulho-me da minha biblioteca particular e tenho muito prazer em atender alguma pessoa que me pede algum livro emprestado.
                              Certa ocasião, ao catalogar os meus livros, percebi que havia alguns títulos repetidos e em bom estado e logo tomei uma decisão de começar a me desfazer de alguns volumes assim, usando um método não convencional. Ou seja, ao invés de fazer uma doação em lotes a alguma escola ou biblioteca pública, tive a ideia de deixá-los "esquecidos" nos orelhões das ruas e avenidas do bairro onde moro e alhures. Não optei por deixá-los em bancos de praça pública por puro receio que eles não fossem recolhidos de manenira adequada e, possivelmente indo parar em alguma lixeira ou mesmo destruído pelo mau tempo, não atingindo o objetivo essencial que é informação cultural e entretenimento.
                             Portanto, sempre na hora da minha caminhada mantinal ou vespertina, abasteço-me de uma sacola com alguns livros ou revistas e vou deixando por estes lugares que citei, isto é, orelhões. De longe, quando percebo alguém usando um telefone público, esquivo-me e postergo a minha doação costumeira. Mas quando volto e percebo que o local está llivre, então não perco tempo, deixo propositadamente algum livro ou revista para brevemente alguém pegar e levar para casa.
                            Sem querer massagear o meu ego, não posso deixar de citar um fato que ocorreu comigo logo após deixar uma revista num destes orelhões. Uma senhora me abordou, quando vinha da escola com os seus dois filhos pequenos e ao perceber o meu gesto foi direta ao assunto:
                           -Moço, você por acaso poderia me dar alguma revista para o meu filho recortar e fazer um trabalho escolar?
                           Simplesmente abri a sacola e falei para ela:
                           -Aqui está: pode escolher.
                           Este pedido espontâneo e logo atendido foi o máximo naquele dia. Serviu-me de estímulo para continuar com o meu percurso cultural, deixando sempre que posso, livros e revistas nos orlhões do bairro onde moro e oxalá tivesse condições agir assim em todo o nosso Brasil! Quem sabe muitas outras pessoas possam também agir assim e o plantio cultural seria bem mais vasto e completo.


                                                                          Joboscan de Araújo

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