sábado, 13 de julho de 2013

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                 SEGUNDO SEMESTRE DE 1967 (Continuação)


                           No ambiente do Seminário Sagrado Coração de Jesus moravam alguns padres, evidentemente. Um era reitor, outro professor e assim por diante. Só que havia um que frequentava o nosso convívio apenas para dormir ou se alimentar, neste último caso, esporadicamente. Seu nome: Padre Raimundo José, por sinal, um bibliófilo e também renomado professor de Faculdade, além de apresentador de programa na principal Emissora de Teresina, a Rádio Pioneira. Como eu também gostava muito de ler, de vez em, quando percebia que ele estava no seu escritório, pedia licença e ao mesmo tempo um livro para eu ler. E isto virou rotina. Era sempre assim: terminava um e pegava outro e ele até me incentivava com poucas e sinceras palavras: "É ótimo ler. Continue sempre assim".
                        O nome do programa do Padre Raimundo José era transmitido diariamente ao meio dia e meia e se chamava assim: A CIDADE MEDITA! Nesta oportunidade ele lia algumas passagens Bíblicas, interpretando-as numa linguagem popular, enquanto outra parte do programa ele comentava algumas notícias relacionadas à Arquidiocese de Teresina. E certa ocasião, como ele estava bastante afônico, devido uma gripe forte, e como não quisesse que o horário do seu programa fosse preenchido só com músicas religiosas, chamou-me para fazer algumas leituras durante o seu programa lá na rádio Pioneira. Não tinha como negar. Após ele me orientar quanto o momento certo de começar a ler e, principalmente, usando uma boa dicção e pausa, lá fomos nós e com a sua presença muito importante, li o que me foi determinado e o programa foi divulgado de maneira satisfatória.
                     Quando cheguei ao seminário ouvi alguns comentários zombeteiros sobre a minha voz através do rádio, mas o Padre Raimundo José antes me alertou que alguém poderia agir assim mesmo e me pediu para não levar isto em consideração. Alguém poderia pecar por uma inveja incontida. Dito e feito.



                                                    Joboscan Araújo

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