domingo, 29 de dezembro de 2013

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                   ALIMENTANDO UM NAMORO PLATÔNICO

                           Aproveitando que o padre Aderaldo havia viajado, os meus colegas tiveram uma ideia: "Vamos fazer uma serenata hoje?" Alguns deles tinham namoradas e ao saberem que eu tinha uma admiradora, aproveitaram para me incentivar e participar deste programa romântico. Principalmente porque a vitrola que iríamos usar era da paróquia e eu era o responsável (ou irresponsável?) para comandar e executar as músicas durante este nosso périplo noturno nas respectivas casas das jovens. E como não poderia deixar, aproveitei também para passar na casa da minha prima, onde a minha paquera estava hospedada e coloquei para tocar as músicas mais românticas do momento, por exemplo, Roberto Carlos, Paulo Sérgio, Antônio Marcos etc.
                          No dia seguinte o comentário foi geral. Elas comentaram por onde andavam e realmente elas gostaram bastante. Afinal, uma serenata, programa típico das cidades do interior, retratava o romantismo dos jovens, principalmente os mais tímidos como eu. E durante este programa, sempre regado com alguma bebida alcoólica, as horas passavam rápidas e por isso, era sempre muito divertido. O certo é que aquela serenata foi bastante comentada no dia seguinte, repito, inclusive até a minha irmã aproveitou para tirar uma dúvida:
                      -Diga-me uma coisa, meu irmão. Seminarista pode namorar? Eu sei que padre não pode, mas vocês podem?
                     - Quem estar namorando? Perguntei muito sem graça, inclusive só mexendo na comida, demonstrando-me até sem apetite, por sinal, um forte sintoma de quem estava apaixonado.
                     -É o que estão comentando pela cidade. Mas acho que é apenas fofoca...
                     -Deve ser mesmo. Pois eu nem conversei com esta moça. Apenas nos olhamos bastante lá na igreja...
                     -Na igreja, meu irmão? Mas logo lá? Não poderia ser na praça, no salão de baile? Olha que isto deve ser pecado...
                     -Não exagera, minha irmã. Deus é quem sabe.
                     -Conversou ou não, o certo é que de uns três dias pra cá você anda muito diferente. Sem fome, sempre cantarolando músicas românticas, apaixonadas...eu não sei não, mas acho que neste mato tem coelho, neste angu tem caroço.
                    -É, pode ser isto mesmo. Mas repito, Deus é quem sabe.
                     E o nosso papo terminou por aí.

                                                Próxima postagem: O HOMEM NO SOLO LUNAR

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