Ora, se a intenção dele era advertir, orientar o garoto, pois tudo indica que o mesmo deve ter feito alguma coisa errada, ele estava dando chance para ser denunciado como um algoz sem precedentes, correndo o risco de sofrer consequências desagradáveis como, por exemplo, até perder a guarda do filho ou sobrinho.
A cena ocorreu durante todo o percurso. Desde o momento em que entraram naquele ônibus até o momento em que desceram. E era só ele que falava em voz alta e sempre ameaçando nestes termos:
-"Se eu descobrir que você está fazendo "coisa errada" eu sou capaz de cortar suas mãos com um facão! Está ouvindo?"
Enquanto isto, o garoto muito assustado e já com lágrimas no rosto tentava balbuciar alguma palavra mas ele sempre o interrompia com total ignorância:
-"Cala a boca! Quem fala aqui sou eu!".
Mesmo assim, sempre que tentava de alguma maneira se defender recebia um coice:
-"Tá vendo? Continua a mentir, mentir, mentir!"
Finalmente o ônibus, após cinco minutos, parou num determinado ponto e eles desceram. E quanto o resultado daquelas ameaças, só mesmo Deus para abrandar o coração daquele homem (pai, padrasto, tio etc.) e ao mesmo tempo, ter piedade daquele menino de olhar lacrimejante e assustado, cujos olhos esbulhados de pavor já previam que quando chegasse ao seu destino, o seu destino não seria nada bom.
Joboscan de Araújo
0 comentários:
Postar um comentário