sábado, 18 de outubro de 2008

Mentiras inofensivas & paradoxos corriqueiros - VI

PEDIR A MÃO DA MOÇA

Esta expressão arcaica – pedir a mão – há muito tempo fora de uso, significava pedir permissão aos pais ou responsáveis para contrair matrimônio com uma jovem. Até aí tudo muito bonito, socialmente falando. Neste último caso faz sentido, visto que, a permissão da mão em si não significava nada para o noivo que, a estas alturas, diga-se de passagem, já deveria conhecer todo o corpo da pretendente. Portanto, se aquela mão que ele, por ventura, atendendo um preceito social tradicional “pedia” falasse, logo estaria acariciando o rostinho de um possível herdeiro.
Quem sabe, a origem do pedido da mão não seria porque é numa delas que a pessoa ostentará a aliança, que é um símbolo, um distintivo perante a sociedade quando a pessoa assumirá um compromisso mais sério? Afinal, a essência de um casamento está inserida na maturidade, no conhecimento e respeito mútuos e acima de tudo, em saber fazer algumas concessões. Quem tentar e quiser fazer dele um negócio é mais do que justo que termine pagando algum imposto.


VOLTO LOGO! OU: VOLTO JÁ!


É muito comum esse sucinto aviso exposto, provisoriamente, em algumas portas ou janelas de algumas repartições públicas, principalmente escritório, salão de cabeleireiro, secretaria de escolas, consultório, enfim comércio em geral, com a nítida intenção de dar uma satisfação aos clientes ou fregueses pelo motivo do fechamento provisório daquele lugar. Acontece que essa desculpa se transforma numa simples balela, considerando o teor indefinido, vago, impreciso do referido teor do aviso. Pois se a pessoa saiu, por exemplo, em determinada hora, ela poderia ser mais objetiva, escrevendo assim:
-“SEM HORÁRIO DEFINIDO PARA REABRIR!” ou.
-“VOLTAMOS A ATENDER APÓS TAL HORA!”.
Sendo assim, os clientes e fregueses poderiam tomar uma decisão também mais objetiva, aguardando a reabertura do local ou desistindo, com receio de perder um precioso tempo.
“VOLTO LOGO!” – ora bolas, LOGO, pelo que se sabe, não é uma palavra que identifica um tempo/hora com precisão. É algo, repito indefinido, impreciso, não confiável, inseguro etc. Nesta circunstância, nos lugares onde há filas, a frase que diz: “SABER ESPERAR É UMA VIRTUDE!” poderia ser alterada, modificada para: saber esperar à-toa é uma atitude idiota de quem não tem nada importante para fazer...


MORTO ou MORRI DE VERGONHA!

Vergonha mata? Pelo que se sabe, susto, sim. Depende muito do coração de cada um. Mas no primeiro caso, quando uma pessoa passa por uma situação vexatória e mexe com o seu brio, o máximo que pode acontecer é ferir o seu orgulho, o seu ego. Só que depois tudo volta ao normal, ou seja, a pessoa continua vivendo o seu cotidiano, normalmente. Portanto, essa frase tão usual e rotineira tem uma força de expressão tão paradoxal que poucos percebem. Diariamente, em vários lugares, fala-se e ouve-se:
-“Olha, fulano, ontem MORRI DE VERGONHA! ou “você demorou aparecer que quase MORRI DE SAUDADE!
E assim por diante. Ora, se uma pessoa está morta, ou seja, morreu, obviamente não poderá jamais sentir nada. O que pode acontecer com ela é ter seu corpo enterrado ou cremado, deixando ou não saudades aos parentes e amigos que ficam.
Por outro lado, dizer que alguém MORREU DE FOME, lamentavelmente tem lógica, o que não deveria ter. Pois, alguém morreu de inanição, por falta de alimentos básicos, isto é profundamente lamentável e até inadmissível.
Quantas coisas e situações inadmissíveis acontecem no Brasil e no mundo e, no entanto, as pessoas que poderiam agir com denodo, responsabilidade, ficam sim, de braços cruzados ou ignorando o problema, sugando nas tetas do governo!

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