quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"AULA" DE MALANDRAGEM

Certo dia, na hora em que eu passava pelo estacionamento do prédio onde eu moro, bem próximo ao portão da garagem, ouço as seguintes ameaças vindas do lado de fora, ou seja, da rua:
-“Mão na cabeça, vagabundo!”
-“Calma, moço!”
-“Calma nada, seu otário! Passa a grana, rápido!”
-“Tira o tênis e o relógio, seu trouxa!”
Como a voz era de um pivete metido a besta e malandro, pensei rápido: isso só pode ser brincadeira. E, de mau gosto, diga-se de passagem. E o era. Portanto, não se tratava de nenhum assalto. E sim, de “aula” de malandragem que um grupo de pivetes praticava ali na rua, só Deus sabe com que intenção e finalidade. Fiquei triste e ao mesmo tempo estarrecido com tanta petulância e “desenvoltura” em busca de um péssimo futuro.
Se não fosse pela pouca idade e estatura daqueles moleques, qualquer pedestre incauto pensaria logo que se tratava mesmo daquilo que você está pensando, ou seja, um assalto. Infelizmente, algo tão comum e corriqueiro nos dias atuais que já virou até rotina.
E pelo visto, aquela brincadeira de mau gosto só não teve um desfecho mais desagrável e violento porque, como a rua é sem saída e de lazer, a ronda policial, dificilmente só passa por aqui quando é acionada por algum morador aflito. Caso contrário tem uma tranquilidade peculiar de causar inveja a quem mora em outros lugares problemáticos, violentos ou onde há muita celeuma.
Só que, voltando ao assunto inicial, essa tal “aula” de malandragem não é assim tão corriqueira. Talvez, como o tempo estivesse frio, eles optaram por algo que gerasse mais movimentação e correria. O que não jusifica, pois outra diversão mais sadia e que faz um efeito idêntico ou até melhor, seria o futebol. Mas, vai saber se naquele momento alguém tivesse alguma bola disponível!...Mas, pensando bem, infelizmente, isso pode ocorrer em qualquer lugar da periferia de qualquer megalópole. Finalmente, registrei essa péssima brincadeira, só que não a aprovei, diga-se de passagem. Que eles providenciem outra mais sadia, o mais rápido possível. Pois treinar alguém para ser assaltande, meliante, é algo que desabona a conduta de qualquer pessoa. E principalmente crianças e pivetes dessa idade, com um futuro todo pela frente. Ao invés de plantarem alguma semente sadia para, posteriormente, colher bons frutos, ficam assim ao léu, gastando energia e tempo com atitudes infrutíferas e desabonadoras. Enquanto isso, quantos pais desses pivetes estão lá no aconchego dos seus lares de olhos vidrados nas novelas e noticiários sobre a violência. Enquanto a mesma está sendo plantada bem próximo dos seus olhos. Como reza o provérbio popular: “O pior cego é aquele que não quer ver!”



João Bosco de Andrade Araújo

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