segunda-feira, 21 de setembro de 2009

METAMORFOSE CANINA!

Reconheço que esse título é muito estranho,o que peço desculpas. Sinto muito, mas foi esse mesmo que encontrei para essa pequena história sobre a curta permanência de uma linda cachorrinha em minha casa. Como se costuma dizer, no início foi tudo às mil maravilhas: afagos pra cá, admiração pra lá, oh, que linda, que gracinha, etc. Depois, com a mudança súbita do seu comportamento, tudo mudou. Foi aquela ojeriza, antipatia, mas sem desprezo e muito menos, violência.
Tudo começou como se fosse até um presente surrealista de casamento. Pois tão logo esse foi realizado, a minha esposa ganhou e levou, à minha revelia, para a nossa casa uma pequena cadela e só consenti porque a danada era mesmo uma fofura, a qual me cativou logo à primeira vista. E olha que nunca fui muito simpatizante com esse tipo de animal, talvez por justo motivo, por já ter sido vítima e mordido por um cachorro que me atacou, traçoeiramente, no momento em que eu conversava com o seu dono. Parece que logo que ele percebeu o meu medo, não perdoou. E, repentinamente, atracou a minha perna com tanta força e covardia, que o meu susto, ao tentar me safar, transformou a minha calça em uma pequena saia, sei lá. A partir daí a minha aversão a cachorro aumentou consideravelmente. Bem, mas isso é um fato do passado.
Voltando à “Lece”, sim esse foi o apelido que escolhemos para aquela linda cachorrinha, cujos pelos até pareciam com algodão, de tão brancos que eram, a qual logo se transformou no xodó da nossa família. Pensando bem, até que ela chegou numa boa hora, pois como por esse tempo eu trabalhava à noite, a minha esposa ficava sozinha até a sua chegada. Após isso passou a lhe fazer uma companhia até certo ponto agradável, por que não? Quando eu chegava cedo, a pequena e linda cadelinha fazia uma grande festa como se entendesse de alguma coisa de relacionamento humano. O certo é que, o tempo foi passando e ela, cada dia mais atraía a atenção e admiração de todos. Cada um queria pegá-la, afagá-la. E ela parecia que gostava de todo esse “sucesso”, pois não estranhava ninguém. Em nossa casa, modéstia à parte, tinha toda a mordomia possível. Era sem dúvida, repito, uma fofura de animal. Como costuma se expressar uma renomada apresentadora de televisão: Era uma “GRACINHA!”!
Até que chegou o dia e a nossa filha, MARIANNA, nasceu! Linda, com saúde, graças a Deus, enriquecendo o nosso pequeno lar de muita alegria. Só que, no mesmo dia, percebemos a metamorfose da nossa cachorrinha. Começou a latir e correr de um lado para o outro, ou seja, ficou simplesmente insuportável. Tentávamos, de todas as maneiras, acalmá-la, mas era inútil. Aí então, tomei uma atitude irreversível e radical: comprei uma casinha com todos os apetrechos adequado e coloquei-a no seu devido lugar, não como castigo, eu pensava, só que a pequena Lece parece que se sentiu castigada, preterida e por isso mesmo entrou em “greve” de fome, para não dizer, em depressão. Procurei um veterinário, explicando o que estava acontecendo. Ele entendeu e explicou que aquilo era normal, ou seja, uma espécie de “ciúme”, passando até um remédio, por sinal, muito caro, mas mesmo assim, comprei-o e dei-lho com muito esforço. Até que ela melhorou, consideravelmente. Mesmo assim, por via das dúvidas, resolvi deixá-la presa no seu devido lugar. Até que, certo dia, recebi a visita de um colega que se encantou com a Lece. No mesmo instante perguntei se ele a queria. Diante da sua afirmativa, dei-lha, incontinenti. Nesse ínterim, a minha esposa não estava em casa. Reconheço que errei, pois quando ela chegou e não viu a nossa cachorrinha e soube do ocorrido, teve uma crise de choro, mas depois, como acontece com todas as mulheres, tudo voltou ao normal.
Após algum tempo, aquele colega que levara a Lece deu-me a notícia que ela havia, misteriosamente, desaparecido da sua casa. Não soube dizer qual foi o seu paradeiro. Fato esse que lamentei, mas não o contei à minha esposa para não fazê-la sofrer novamente e também ser cobrado por isso. São coisas da vida que acontecem e que fogem da nossa percepção.

João Bosco de Andrade Araújo

www.joboscan.net

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