domingo, 29 de maio de 2011

PERFUME FRNCÊS E CHAVE DE CARRO

O que há em comum entre um perfume francês e um carro novo? Um sinal apenas de status social? Esnobismo? Bom gosto apenas? Nem sempre isso correspende à realidade. Pois o importante mesmo é cada pesoa usar as suas indumentárias da maneira que se sinta bem e melhor. Desde uma bela roupa, calçado, penteado, até mesmo um bom perfume importanto ou não. Só que, infelizmente, sempre aparece alguém se achando melhor do que os outros e só porque usa um perfume assim ou esnoba um molho de chaves de algum carro, ao entrar num ambiente público ou não, pensa que conseguirá se impor ou terá algum privilégio, usufruindo alguma regalia...Ledo engano. E pode até ser, principalmente quando apela para algum suborno ou é apresentado por alguém muito importante da sociedade. Mas neste caso, é uma raridade que nem sempre decola.
Vamos aos fatos: O local era um hospital que atendia geralmente pessoas pobres e sem direito a nenhum convênio, salvo raríssimas exceções, como por exemplo, caso de emergência ou atendimento particular, isto é, pago. Na pequena sala do serviço social desse nosocômio, o escriturário atendia normalmente, certa tarde, pessoas humildes, que ficavam várias horas na fila, aguardando ser atendidas. Eis que, repentinamente, adentrou naquele recinto uma "madame" ostentando ar autoritário e toda petulante, espraiando um perfume importado e fazendo questão de esnobar um molho de chave de algum carro. E com um ar antipático e repleto de empáfia, sem pedir nem licença e muito menos cumprimentar, foi logo falando alto, como se fosse a dona da cocada preta:
-"Onde tem um médico aqui para atender logo a minha empregada?"
Realmente ela estava acompanhada por uma senhora humilde, aparentando precisar de atendimento médico, pois tinha uma faixa improvisada numa das mãos. Só que o funcionário em questão, não se deixou abalar por aquela intromissão zombeteira e petulante e aumentou também a voz ao interpelar aquela senhora invasora, dizendo:
-Por favor, senhora, a fila fica no outro lado do salão!
-"Fila, que fila que nada! Você por acaso sabe com quem está falando?"
- Não sei e nem quero saber. E queira se retirar da minha sala se não quiser que eu chamo a segurança...Pois acaba de atrapalhar o meu serviço.
-"Eu não estou pedindo favor algum, meu filho, eu estou pagando, entendeu?
-Quer pagar algum tratamento, pois procurou o lugar errado. O atendimento pago é do outro lado. Aqui é só para quem não tem condições financeiras.
Sem esboçar nenhum outro argumento, pôs o rabinho entre as pernas, como se costuma dizer, e sumiu no corredor, soltando fumaça pelas narinas, deixando no ar a fragrância de algum perfume que logo se desfez misturando-se ao cheiro de éter e outros remédios peculiar a todo hospital público ou particular.

João Bosco de Andrade Araújo

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