quarta-feira, 5 de setembro de 2012

APOSTASIA PRECOCE E INVOLUNTÁRIA

                                                             CAPÍTULO I


                                                     DA CIDADE NATAL


                      Pode até parecer petulância ou esnobismo da minha parte, mas deixo um pouco a humildade de lado para iniciar eeste primeiro capítulo parodiando o egrégio e renomado escritor russo LEON TOLSTÓI, autor de célebre romances, entres eles, ANNA KARENINA, cujo primeiro parágrafo inspirou-me para fazer a seguinte afirmação: Todas grandes cidades do mundo se parecem; as pequenas cidades sobrevivem cada uma à sua maneira.

                      Então, o modo peculiar da humilde e pequena Simplício Mendes, situada no sul do Piauí, não poderia ser diferente ou seja: pacata, pobre e hospitaleira. Quando ainda era povoado era conhecida como Feira da Caridade e posteriormente, quando pássou à vila, passou a ser chamada de Barreiro Branco e só depois quando passou à categoria de cidade foi que recebeu este nome atual. Após conhecer cidades maiores como, por exemplo, Teresina, Parnaíba, Floriano, Picos, todas no Piauí, foi que percebi o quanto a cidade onde nasci era realmente pequena e sem nenhum desenvolvimento. Apesar disto, tinha muitas vantagens, entre elas, a tranquilidade e a paz de modo geral.

                     Por esta época - 1958 - quando eu já tinha oito anos de idade, lembro-me muito bem de um fato que chamava bastante a atenção dos habitantes daquele lugar: era quando chegava alguém proveniente de São Paulo. Era um momento de muita expectativa, ansiedade, alegria e festa. Dependendo da família do visitante, chegava até soltar rojões na hora do desembarque. Depois era uma visita incessante na casa do recém-chegado que parecia que não tinha fim. Muitos queriam mesmo saber alguma notícia de parentes residentes naquela megalópole, outros iriam visitar por pura curiosidade mesmo. E parece que a tal pessoa fazia de propósito: procurava se ostentar com relógio, óculos, roupas que chamavam a atenção dos pobres e humildes conterrâneos, deixando os mesmo com a ilusão de que "São Paulo sim era a cidade boa para se morar e trabalhar!" Ilusão esta que permaneceu até a chegada da televisão anos depois, que logo ia mostrando do cotidiano de uma grande cidade com as suas vantagens e desvantagens.

                 Simplício Mendes em resumo, era isto daí. Tão pequena que fatos como estes, em pouco tempo todos ficavam sabendo. Por outro lado, no caso de morte ou nascimento, também logo chegava ao  conhecimento dos demais habitantes, mesmo que não perguntasse. As notícias se espalhavam rapidamente. Já os jovens, por sua vez, como não dispunham de muitas opções para entretenimentos, deixava o termpo passar do jeito que achasse melhor. Emprego era uma palavra que só existia mesmo no dicionário. Poucas pessoas o tinham. Portanto, costumava-se dizer que ali quase ninguém vivia e sim, vegetava. Portanto, esta era a rotina da cidade onde nasci, cuja infância não trago felizes recordações, não vou negar. Mas cada pessoa tem a vida que merece. Sendo assim, tinha que me resignar e conformar com a situação da minha família. Até que Deus, anos depois, preparou um outro ambiente para mim, onde uma bela semente de um ideal muito bonito foi plantada.

                  E será assim que começará a saga desta APOSTASIA PRECOCE E INVOLUNTÁRIA.


                                                         Joboscan de Araújo

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