segunda-feira, 18 de março de 2013

A PROCISSÃO DAS FORMIGAS

                  É muito difícil encontrar uma pessoa que nunca ouviu falar na fábula milenar intitulada A CIGARRA E A FORMIGA. Sabe-se muito bem que o seu enredo traz no seu bojo o valor do trabalho minucioso e incansável, visando um futuro promissor, contrapondo-se com a inércia que nada corrobora para o bem-estar de quem quer que seja. E o que pretendo deixar registrado aqui é algo alusivo a esta fábula, mas abordando apenas uma das personagens, neste caso, A FORMIGA, ou mais precisamente, as formigas.
                  Certa manhã, ao descer para pegar o jornal, o qual sou assinante, no pátio no prédio onde moro, eis que percebi uma procissão de formigas que chamou a minha atenção. A princípio, tal fato poderá até parecer muito banal. E o é. Afinal, deste o começo do mundo que isto acontece em vários lugares, salvo quando alguém por ignorância ou por outro motivo resolve exterminar as incansáveis formiguinhas com algum formicida pondo término na silenciosa procissão. Só que ao perceber tal fato, como achei muito interessante a desenvoltura deste formigueiro ambulante e organizado, resolvi ficar ali acompanhando por alguns minutos o tal trabalho incansável. E em que consistia tal labor? As formiguinhas vinham apressadas em fila e mesmo passando por alguns matinhos num canteiro que ficava no percurso, simplesmente ignorava aquelas folhinhas ao seu alcance e destemidamente subiam no tronco de uma árvore do jardim e lá no alto, à proporção que os galhos se bifurcavam elas tambem se dividiam em grupos e depois regressavam transportando um minúsculo pedaço de uma folha. E enquanto algumas desciam com o seu respectivo produto, outras subiam com a mesma rapidez em busca de tal pedaço de folha. Só não me perguntam qual a finalidade deste trabalho. Se iam consumí-la ou se iriam construir algo com aquilo.
                  Noutra oportunidade, ao perceber que a tal procissão continuava mais volumosa do antes, o que fiz? Resolvi acompanhar aquele périplo e tamanha foi a minha surpresa ao constatar que ele seguia através de toda a construação do prédio, ultrapassando o muro, ou seja, já no outro condomínio. Sendo assim, fiquei sem averiguar onde realmente era o seu final. Mas a estas alturas, pouco me interessava saber desta proeza, ficando na minha memória apenas o valor da união, do esforço e do trabalho produtivo, principalmente quando em tal ambiente é totalmente desprovido de ambição, menospreza, injustiça e acima de tudo, picuinhas. Atitudes estas infelizmente peculiares ao ser humano, que na sua maioria estufa o peito e olha para semelhantes como se fosse mais importante em alguma coisa. Pura idiotice!


                                                   Joboscan de Araújo

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