quarta-feira, 20 de março de 2013

APOSATASIA INVOLUNTÁRIA

                                                            CAPÍTULO XVI

                                                DESATIVAÇÃO DO SEMINÁRIO DE OEIRAS


                         O ano letivo de 1965 estava chegando ao seu epílogo. E entre nós o comentário não muito agradável era o fechamento, a desativação precoce do seminário de Oeiras. O Dom Gilberto Borges resolveu tomar esta decisão em virtude da grave inflação, crise finaneira que assolava o Brasil, principalmente os estados mais pobres como o Piauí. Então a diocese de Oeiras, consequentemente, por este tempo estava encontrando muita dificuldade de administrar o seminário, apesar de fazer muitos esforços, tentando arrumar donativos de várias maneiras dos paroquianos. Mas todos estavam cheios de dificuldades também. O resultado então foi fechar aquele colégio religioso. Com isso, os seminaristas seríamos  transferidos para o seminário de Teresina, isto é, aqueles que realmente quisessem. Pois ninguém ali seria obrigado. O livre-arbítrio de cada um falava mais alto na hora da transferência.

                                                                     O PERU INTACTO


                      No nosso último fim de semana no seminário aconteceu um fato realmente inusitado. Na parte da manhã daquele fatídico sábado, quando ainda estávamos todos ali, a cozinheira apareceu com um peru e pediu a nossa ajuda para matá-lo. Seria o nosso almoço de despedida. Nós, "açougueiros" de primeira e última viagem, até que a princípio achamaos aquela ideia interessante. E tentamos encontrar um meio menos doloroso de matar aquela ave gigantesca. Mas levamos foi um baile. Achamos até divertida aquela brincadeira. E o peru não estava nem aí com a nossa maneira ridícula de trucidá-lo, esganá-lo. Até que ela, percebendo a nossa incapacidade para aquela tarefa, pegou-o e foi pedir para alguém mais experiente. Então, o que aconteceu? À proporção que o tempo ia passando, os colegas estavam indo embora. Todos estavam querendo era o aconchego do lar materno. E por um descuido da minha parte, apesar da minha cidade ficar bem próxima de Oeira, quando percebi o prédio já estava vazio. E nada de almoço e muito menos peru.
                   Lá pelas 16 horas ouvi a cozinheira gritar: "Ei, pessoal, o almoço demorou, mas saiu!" Ao que respondi, levando na esportiva, para não chorar: "O almoço saiu? Pois o pessoal também!". Mesmo assim fui lá no refeitório para averiguar o que ela tinha feito. Estava ali, além de outras iguarias, o enorme e apetitoso peru bem no centro da mesa. O qual ficou intacto, pois a estas alturas, eu já estava sem apetite algum e principalmente pelas circunstâncias. Estava me sentindo mal, ali sozinho e com tanta comida na minha frente. Depois de algum tempo, a cozinheira entrou ali e percebendo que não ia aparecer ninguém para comer me fez esta pergunta que ficou sem resposta:
                 -"Agora me diz: O que eu faço com este peru?
                   Mas no mínimo ela deve levado para casa e distribuiu com os vizinhos. Pelo menos não seria um grande desperdício. E bom apetite!

                                                 Aguarde a próxima postagem...

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