quinta-feira, 14 de março de 2013

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                             CAPÍTULO XIV

                                                 FESTA DO DIA DO PROFESSOR


                          Muitas pessoas sabiam que em nossa pequena comunidade sempre havia alguém que sabia e gostava de cantar ou declamar, quando estava se aproximando as festividades em comemoração do Dia do Professor, eis que foi pedido ao nosso reitor que alguém do nosso grupo pudesse partificipar da festa, cantando ou declamando alguma poesia para abrilhantar mais ainda a referida festa. Realmente, sempre que éramos sollicitados, sempre estávamos participando de alguma forma. E desta vez não foi diferente. Ninguém nunca tinha negado nenhum convite. Mas como tudo na vida tem uma primeira vez, nesta oportunidade - 15 de Outubro de 1965 -o Padre Deivid simplesmente me escalou para representar o seminário, cantando uma música que a professora de canto do ginásio escolheria.
                        Sem pestanejar, acatei o seu pedido e no mesmo dia e hora combinada lá fui à casa da professora para saber qual a música que eu iria cantar. Quando ela falou o títiulo da canção e na mesma hora começou a cantarolá-la, imediatamente percebi que eu não aceitaria e perguntei se poderia cantar outra, a tal professora simplesmente achou uma grande aberração, uma petulância da minha parte e não quis nem saber o motivo pelo qual eu não concordava com a escolha daquela música escolhida por ela. E foi taxativa: não aceitou nenhuma evasiva, pelo o contrário, ela interpretou como um insulto, um ato de insubordinação, desobediência, rebeldia etc. Foi um tremendo exagero da parte dela, inclusiva, além de não querer ouvir o meu argumento, em tom humilhante, na presença de outras pessoas que na ocasião estavam ali na sua casa, assim falou:
                     -Mas é só o que me faltava! O que é que é isso, meu Deus, um seminarista se recusar a colaborar com a festa do professor? Eu não não posso acreditar....
                    -Professora, tentei interrompê-la, por favor, entenda bem. Eu não estou recusando a colaborar. Só gostaria de poder cantar outra música pois a proposta não...
                    -Não, não e não senhor! A canção é esta e acabou. O seu reitor vai gostar muito de ficar sabendo que o seu subordinado não aceitou...
                    - Professor, a senhora está fazendo uma tempestado num copo d'água.
                    -Não, meu filho, você quer cantar a canção que escolhemos e acabou. Não vai cantar outra nenhuma e fim de papo.
                    -Sinto muito!
                    Saí dali balançando a cabeça negativamente e já prevendo o que ela ira falar para o Padr Deivid. Dito e feito. No mesmo dia, após o jantar ele fez até questão de fazer uma reunião com todos, quando poderia muito bem ter apenas me chamado para uma conversa particular para saber o que realmente aconteceu na casa da professora. Mas não. Ele preferiu simplesmente aceitar com tudo o que ela relatou e depois começou a descascar o abacaxi em cima de mim. E foi logo abrindo a maleta de ferramenta verbal, sem dó ou piedade:
                    -Este tipo de atitude mancha o nosso conceito. Pensando bem é antes de mais nada um ato de indissciplina. Como o "sr" Leonam já ganhou uma pequena fama no ginásio, pois só canta o que quer e quando quer, portanto está muito metido, achando-se o bom, que isto não sirva de exemplo para nenhum de vocês. Temos que saber acatar as ordens superiores, mesmo que algumas vezes não conconrdamos com tudo...
                   Quando chegou neste ponato, tentei repetir o que eu tentara falar com a professora, justificando o meu não àquela canção, mas nem ele também aceitou ouvir, ignorou a minha argumentação. Em resumo, simplesmente, no dia da tal festa, simplesmente não fui, não por um castigo imposto por ele, mas por livre vontade. Achei que seria melhor para mim. Aquela festa já tinha dado muito pano pra manga. Resolvi entregar nas mãos de Deus. Afinal, "se sofres injustiça, cala-te, a verdadeira desgraça é cometê-las".


                                               Próxima postagem: O fechamento do Seminário

0 comentários: