quinta-feira, 31 de março de 2011

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

À

"Pedro e Samuel vão a Salvador durante as férias". Por que o "a" não recebeu acento grave, indicador de crase? Vamos pensar. Na língua padrão, o verbo "ir" pede a preposição "a". Se alguém vai, vai a algum lugar. Já achamos um "a", a preposição que o verbo "ir" pede. Falta achar o outro "a". Será que a palavra "Salvador" pede o artigo "a"? O que você diria:"Eles estão em Salvador" ou "Eles estão na Salvador"? É claro que você diria "Eles estão em Salvador". O fato de não usar "na" antes de Salvador prova a inexistência do artigo. Você sabe que "na" é "em+a", ou seja, preposiçao+artigo. Moral da história: o "a" de "...vão a Salvador" não pode receber acento grave porque não hovue crase, ou seja, não houve fusão de duas vogais "a".


ABOLIR


Como se conjuga o presente de "abolir"? "Eu abulo"? "Eu abolo"? E de "demolir"? "Eu demulo"? "E demolo"? Por não serem usadas, essas formas verbais não encontram registro e não devem ser empregadas no padrão culto. O que fazer? Substituir por formas equivalentes. Em vez de "abulo/abolo", "anulo", "revogo", "suprimo". Em vez de "demulo"/demolo", "derrubo", "destruo".


ABSTRATO


São abstratos todos os substantivos que dão nome a estados, qualidades, sentimentos ou ações, conceitos cuja existência depende sempre da existência de ser para manisfestar-se. O nome do estado de quem está triste é "tristeza"; o nome da qualidade de quem é tímido é "timidez" e assim por diante. Esses substantivos são formados a partir de adjetivos, de verbos ou de outros substantivos, com acréscimo de diferentes sufixos, como "-ez" "eza" "-ção", "-mento", "-agem", "-dade" etc.


ACENTO


Formas verbais como "detém", "convém" e "mantém", todas da terceira pessoa do singular, recebem acento por serem oxítonas terminadas em "em" (como "amém, "ninguém" etc.). Para que se diferenciem do singular, as formas da terceira pessoa do plural dos verbos citados recebem acento circunflexo: "ele detém/eles detêm", "ele mantém/eles mantêm". Note que a pronúncia é a mesma; portanto, o acento na forma do plural é apenas diferencial. Caso semelhante ocorre com os verbos "ter" e "vir". A terceira pessoa do singular do presente do indicativo não recebe acento ("ele tem, "ele vem"), mas a do plural recebe um acente diferencial !"eles têm, eles vêm)


ACREDITAR


É preciso observar que a possibilidade de usar o indicativo ou o substantivo não se verifica em qualquer contexto. Com o verbo "acreditar" e seus sinônimos, isso é possível, porque com eles se pode variar a dose de certeza ou dúvida. Com verbos como "negar" ou "suspeitar", no entanto, é difícil fugir do subjuntivo quando não se dá como real ou comprovado determinado fato. Em "O empresário nega que superfaturou a obra", por exemplo, afirma-se que o empresário superfaturou a obra, mas que ele nega o fato. Se não se tem certeza de que é real o fato de que o empresário é acusado, o correto é dizer "O empresário nega que tenha superfaturado a obra".


(Dicionário da Língua Portuguesa - comentado pelo Professor Pasquale)
Gold Editora Ltda - (Setembro 2009)

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