quinta-feira, 19 de setembro de 2013

APOSTASIA INVOLUNTÁRIA

                                                   CONTINUAÇÃO DO ANO DE 1968


                         No segundo semestre deste ano recebi a visita no meu setor de trabalho de um poeta da nossa cidade, o qual precisava que eu datilografasse um trabalho da sua autoria para publicar um livro de poesia. Não tinha como negar este favor. Apenas comuniquei ao meu vigário, tendo a sua imediata anuência, com apenas uma pequena ressalva: que este trabalho extra não prejudicasse em nada o serviço da secretaria e muito menos os meus estudos. Procurei me organizar e em uma semana, aproximadamente, terminei de cumprir aquela tarefa, o que para mim foi um enorme prazer.
                         Coincidentemente, logo depois deste serviço, recebi mais uma visita, desta vez do Exmº Sr.  Juiz de Direito de Simplício Mendes, o qual também precisava de um favor idêntico ao do poeta Lourenço Campos. Com uma diferença: o serviço de datilografia que ele precisava teria que ser elaborado no seu escritório, pois precisava que ele mesmo fosse ditando e orientando todo o serviço que deveria ser elaborado. Era uma espécie de inventário, um trabalho muito minucioso, por sinal.
                        Quero ressaltar que em nenhum destes casos teve alguma recompensa financeira, ou seja, não foi cobrado nada. Afinal foi um favor e sendo assim não tinha motivo nenhum para cobrá-lo. Ambos me agradeceram e o importante foi que ficaram satisfeitos com o final do serviço datilográfico.
                       Paralelamente às minhas atividades, eu e meus colegas do quarto ano trabalhávamos, principalmente nos finais de semana, no sentido de angariar prendas para algum leilão ou então fazíamos rifas e tudo mais só com o objetivo de arrecadar dinheiro para o nosso passeio no final do ano, após a nossa formatura. É importante registrar a solidariedade do povo da nossa cidade que, apesar das dificuldades de cada um, sempre que pedíamos alguma coisa éramos bem atendidos e quase ninguém fazia pouco caso ou cara feia para este nosso empreendimento cultural. Todos só desejavam que fôssemos felizes e concretizássemos o nosso objetivo.

                                                   Próxima postagem: A festa da nossa formatura.

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