sexta-feira, 7 de novembro de 2008

MENTIRAS INOFENSIVAS & PARADOXOS CORRIQUEIROS - IX

“-” NÃO É NADA DISSO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO!”

Esta desculpa é tão esfarrapada quanto antiqüíssima. E é proferida tanto pelo homem quanto pela mulher. A situação geralmente é a mais atípica possível. Quase sempre é falada num momento de flagrante, desde o mais simples, isto é, não muito comprometedor com a moral do outro ao mais sério, principalmente quando se diz respeito a um ato de infidelidade conjugal, por exemplo. É incrível como o ser humano, algumas vezes, comete deslizes, contra-sensos que nem percebe! Pois, considerando que o ato da traição, assim como um crime nunca é perfeito, ou seja, sempre deixa alguma pista. Então, alguma prova mais cedo ou mais tarde alguém sempre entra em contradição e o desfecho da situação nem sempre será muito agradável ou pacífico. Mas a famosa e fatídica frase quase sempre se faz presente em momentos delicados assim. E quando há tempo suficiente ela tem até a sua réplica também famosa e antiga: “NÃO É O QUE ESTOU PENSANDO, É O QUE ESTOU VENDO!”. Depois disso, só mesmo Deus sabe o que poderá acontecer!


“IMAGINA, NÃO TEM PROBLEMA ALGUM!”


Esta frase traz nas entrelinhas uma mentira inofensiva que ocorre em todas as camadas da sociedade hodierna. Geralmente acontece quando se recebe uma visita inesperada e, principalmente logo após que se deu aquele lustre na casa! Quando esta coincidência surge, quase sempre o que se ouve da visita é a famosa frase: “Oh, desculpe-me, cheguei numa hora imprópria!”. Automaticamente, a dona de casa ou até mesmo a empregada tem a resposta na ponta da língua, ou seja, a mentira inofensiva que ninguém acredita: “IMAGINA”! “NÃO TEM PROBLEMA ALGUM!”. E no final das contas, tudo termina abem e fica o dito pelo não dito. Após a visita se despedir, por incrível que pareça, a tendência é repetir toda a faxina, resmungando ou não. Pois cantarolando, seria muito deboche irônico. Vale ressaltar que tal expressão também é usada quando a visita é acompanhada daquela criança arteira, inquieta, danada que mexe e pisa em tudo que não deve e se não tomar muito cuidado termina causando algum prejuízo. Então, quando isto ocorre, talvez para não desagradar aos pais da mesma, na hora a pessoa prejudicada, além de dizer “IMAGINA, NÃO TEM PROBLEMA ALGUM”, usa o complemento: “PODE DEIXAR, DEPOIS EU MANDO ARRUMAR!”. Olha a pizza!!!


“PODE ENTRAR!” – “A CASA É SUA!”.


Esta mentira inofensiva é do mesmo estilo daquela que se costuma dizer a uma visita: “FIQUE À VONTADE! “NÃO REPARE NA BAGUNÇA”!”. Quanto a primeira frase: PODE ENTRAR! Até que dá para se entender, mas a segunda, A CASA É SUA chega a ser um tanto duvidosa e até incoerente e por que não dizer, uma aberração. É óbvio, que tal expressão não passa de um excesso de gentileza generalizada. Portanto, praticamente, todo mundo entende. Só não pode e não deve é levar ao pé da letra. A não ser que tal visitante não esteja sóbrio e aí tudo pode acontecer. Só que, neste caso, sendo uma pessoa amiga, qualquer atitude fora do normal, será relevada, posteriormente, diga-se de passagem...

“NÃO ESQUENTA A CABEÇA, AMIGO (A)!”.

Expressão bastante proferida quando se faz um grande favor a alguém, principalmente quando o assunto é dinheiro. Sabemos que, embora este tema seja bem delicado, sigiloso, ninguém nunca estará isento de receber este insolente pedido de socorro em forma de gentileza. Então, sempre que se tem condições financeiras e num momento como este se usa a solidariedade, a amizade e atende a um pedido desta natureza, após ouvir o esperado e conhecido “muito obrigado” ou “comprometo-me, logo que puder, saldarei esta dívida com você!”, profere-se a antiqüíssima mentira inofensiva: “NÃO ESQUENTA A CABEÇA, AMIGO ou AMIGA!”. Agora, se tal pessoa credora será ressarcida, isso é outra questão! Só Deus sabe! Pois, como frisou o renomado MILLOR FERNANDES, “Quem dá aos pobres e empresta... adeus!...”.


“VAMOS ALMOÇAR?!”

A boa educação também tem as sua mentirinhas. Pois desde os tempos mais remotos, sempre que alguém chega num ambiente, por coincidência ou não, bem na hora de uma refeição, quem está se alimentando, ao perceber a inesperada visita, automaticamente, faz o conhecido convite: “VAMOS ALMOÇAR?”. Ora, venhamos e convenhamos, tal expressão contém um contra-senso perdoável. Pois, o mais correto seria na minha modesta opinião, usar este termo quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas e chegando a hora da refeição, alguém então falar: “Bem, amigos, vamos logo almoçar!”. Em seguida sairão todos juntos, o que terá muita lógica. Mas usá-la dirigindo a uma pessoa que chega, não tem lógica. Poderia tal expressão ser substituída, por exemplo: “ACEITA ALMOÇAR TAMBÉM, COLEGA?” ou ““ ESTÁ SERVIDO?”.Assim terá fundamento. Agora, se ele ou ela aceitar, aí serão outros quinhentos!

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