Um senhor de sessenta anos, atendendo a uma exigência de uma apólice de seguro de um carro novo, para facilitar o valor das prestações, resolveu tirar sua Carteira Nacional de Habilitação apenas para esta finalidade. Em todo o processo por onde passou, desde o momento da matrícula na autoescola, no Detran, no exame médico, na prova final, sempre ouviu a pergunta que não queria calar: "É a renovação da Carta de Motorista?" Quando ele falava que era a primeira vez, as pessoas pareciam que acreditavam por educação. É impressionante como alguém deixou o tempo passar e não se tocou!
Acontece que não é bem assim. Trata-se de apenas uma opção de vida. Ora, se uma determinada pessoa jamais teve condições de comprar um carro, teve inclusive uma vida sempre modesta, para não dizer pobre, portanto nunca teve aquela vontade incontida de aprender a dirigir um automóvel. E como o tempo passa rápido, não para no porto, não apita na curva e não espera ninguém, conforme uma música dos anos 60, aquele senhor quando se conscientizou de que precisava de um documento assim (CNH), não titubeou. Passou por todos os processos exigidos pelo DETRAN e conseguiu o tal documento.
Alguém pensará: "Mais um sexagenário dando um nó no complicado trânsito!". Não, não é bem assim. E poderia até sê-lo. Se esse senhor tivesse dentro de si qualquer vontade, por menor que fosse, de querer dirigir o carro da sua família. Quem foi que disse? O automóvel só sai da garagem quando o filho dele o pega para ir para o trabalho ou faculdade ou algum passeio. Afinal este também tirou a Habilitação no mesmo tempo que o seu pai e pelo visto, como é jovem e curte a vida, demonstra ter muito prazer em usar o carro da melhor maneira possível. E o faz sempre numa necessidade.
João Bosco de Andrade Araújo
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