Inclusive, no instante em que eu descia à mesma rua, com destino ao mercado situado lá na avenida, percebi que aquela jovem combinava alguma coisa com mais dois meliantes, os quais pareciam intimá-la a comprar o "baseado", uma vez que eles estavam "sujos" no pedaço, conforme se justificavam para não darem muito na vista dos traficantes. Senão, era morte na certa. A "barra" estava pesada para eles, portanto preferiam pedir o favor de uma "mula" para o tal serviço. E resolviam entar ficar camuflados em algum ponto estratégico do bairro. E foi exatamente neste momento que passei e fui resolver os meus compromissos, deixando-os para trás com as suas maracutaias.
Minutos depois, quando regressei, passando pelo mesmo local, o burburinho de pessoas por ali tinha aumentado e o comentário ainda fresquinho era sobre uma ação policial naquela boca de fumo naquela rua e teve até perseguição em seguida. E foi aí que aquela meliante, ao perceber a chegada do carro da polícia, que ao sair em disparada, à sua revelia, deixou cair um pé de chinelo e nem olhou para trás. A vida dela parecia bem mais importante e preciosa do que aquele objeto largado no meio da rua. Se os policiais atingiram o seu objetivo, ninguém ficou sabendo, pois não houve retorno de ninguém, pelo menos durante algumas horas. Depois que a poeira abaixasse, quem sabe!
Enquanto isso, aquele pé de chinelo ficou ali no meio da rua e muitos transeuntes o olhavam e alguns sem entenderam o porquê daquele "esquecimento" ou "distração", o que não era verdade. No meu regresso, ainda ouvi quando duas senhoras comentavam ainda o fato ocorrido há poucos minutos e vendo uma criança ameaçar pegar aquele calçado, uma levantou a voz, admoestando-a:
-"Deixa isso aí, garota, esse chinelo é de meliante !"
-"Ah, é? Eu pensei que fosse de borracha!"
Em seguida seguiu o seu caminho dando risadas, do sarro que acabara de tirar da mulher metida a pedante.
Joboscan de Araújo
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