quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

PÉ DE CHINELO NOVO NO ASFALTO

Aquele chinelo de tiras, quase novo deixado no meio de uma rua movimentada do bairro onde moro, não estava ali por motivo de esquecimento, distração ou algo parecido não. Ele se soltou do pé de uma jovem viciada em droga, a qual saiu correndo desesperada, ao fugir de um flagrante da polícia militar, momentos antes de adquirir o maléfico produto.
Inclusive, no instante em que eu descia à mesma rua, com destino ao mercado situado lá na avenida, percebi que aquela jovem combinava alguma coisa com mais dois meliantes, os quais pareciam intimá-la a comprar o "baseado", uma vez que eles estavam "sujos" no pedaço, conforme se justificavam para não darem muito na vista dos traficantes. Senão, era morte na certa. A "barra" estava pesada para eles, portanto preferiam pedir o favor de uma "mula" para o tal serviço. E resolviam entar ficar camuflados em algum ponto estratégico do bairro. E foi exatamente neste momento que passei e fui resolver os meus compromissos, deixando-os para trás com as suas maracutaias.
Minutos depois, quando regressei, passando pelo mesmo local, o burburinho de pessoas por ali tinha aumentado e o comentário ainda fresquinho era sobre uma ação policial naquela boca de fumo naquela rua e teve até perseguição em seguida. E foi aí que aquela meliante, ao perceber a chegada do carro da polícia, que ao sair em disparada, à sua revelia, deixou cair um pé de chinelo e nem olhou para trás. A vida dela parecia bem mais importante e preciosa do que aquele objeto largado no meio da rua. Se os policiais atingiram o seu objetivo, ninguém ficou sabendo, pois não houve retorno de ninguém, pelo menos durante algumas horas. Depois que a poeira abaixasse, quem sabe!
Enquanto isso, aquele pé de chinelo ficou ali no meio da rua e muitos transeuntes o olhavam e alguns sem entenderam o porquê daquele "esquecimento" ou "distração", o que não era verdade. No meu regresso, ainda ouvi quando duas senhoras comentavam ainda o fato ocorrido há poucos minutos e vendo uma criança ameaçar pegar aquele calçado, uma levantou a voz, admoestando-a:

-"Deixa isso aí, garota, esse chinelo é de meliante !"
-"Ah, é? Eu pensei que fosse de borracha!"

Em seguida seguiu o seu caminho dando risadas, do sarro que acabara de tirar da mulher metida a pedante.


Joboscan de Araújo

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