sábado, 18 de fevereiro de 2012

A SAGA DE UMA ANEMIA CRÔNICA

PRIMEIROS CONSTRANGIMENTOS NA UTI


Parecendo despertar de um pesadelo ou submergindo noutro maior e pensando está sozinho, ao tentar me levantar do leito, com a intenção de ir ao banheiro, um enfermeiro surgiu do nada, como se fosse uma bendita "assombração" e simplesmente falou:
-"Onde o senhor está pensando ir?"
Pensando não, eu vou agora ao banheiro - respondi com a maior naturalidade, como se estivesse num quarto qualquer de enfermaria. Estava completamente equivocado.
-"Mas assim, usando fraldas? Continuou com ar de gozação.
- O que significa isso? Perguntei bem constrangido.
-"Significa que o senhor não precisa ir ao banheiro. Das duas, uma: Ou faz xixi aí mesmo deitado na cama ou se preferir peça o "papagaio".
Não tive outra opção. Estava mesmo como se diz, "no mato sem cachorro". E resolvi fazer o xixi ali mesmo conforme ele determinara, naquele objeto estranho e desconfortável. Tudo bem, seja o que Deus quiser. Se tudo isso for para o meu bem, tenho que obedecer as ordens hospitalares. Mas nem todas. Senão vejamos o caso a seguir.
Não demotrou muito, logo surgiu outro funcionário, o qual não tinha nada de enfermeiro. Nem tanto pela roupa que usava quanto pela maleta que carregava. E ao abrí-la, mostando alguns apetrechos de barbeiro, cabeleireiro etc e foi logo me cumprimentando:
-"Boa noite, seu João! Vamos dá um trato nesta barba e neste cabelo!"
-Sinto muito, jovem, mas aqui ninguém vai por a mão não - respondi, rispidamente.
-"Bem, não vamos obrigá-lo. São normas do nosso hospital, com o objetivo de mantermos a higiene dos nossos pacientes."
-Eu compreendo, mas agradeço.
Talvez para evitar qualquer tumulto ou mal-estar, aquele funcionário guardou seus apetrechos e foi embora, demonstrando-se contrariado. Mas ficou por isso mesmo.
Não demorou muito, logo surgiu uma enfermeira com toalha e bacia e logo pensei, lá vem chumbo grosso!
-"Vamos lá, seu João, tudo bem que o senhor não quis que o rapaz cortasse seu cabelo e fizesse a barba, mas agora agora de um bom banho o senhor não vai negar, não é verdade? Eu mesma vou lhe dar um, mas não se preocupe, não precisa ficar envergonhado. Somos todos profissionais e para nós,nesse tipo de serviço, não há malícia nenhuma nem constrangimento.
Após estas advertências femininas não tive nem tempo de argumentar nada ou demonstrar alguma reação negativa. O banho foi tão rápido e bom que, quando percebi já estava vestido novamente com o roupão hospitalar. Não vou negar, achei tudo muito estranho. Mas, além de me pegar de surpresa e com aquele ar simpático e faceiro, sem ser malicioso, deixei tudo acontecer como ela pretendia. Para ser sincero, ela poderia vir tantas vezes desejasse. Pensando assim, a malícia já foi minha, mesmo com o corpo bem debilitado, com a saúde frágil. Mas pelo menos, o pensamento ainda bem estava funcionando a mil. Pelo menos o pensamento, repito.


Próxima postagem: Alucinação? Delírio?!

0 comentários: