sábado, 23 de julho de 2011

A CIRURGIA IMPROCEDENTE

Sempre ouvimos dizer que em todas as profissões há pessoas que chegam a denegrí-las, mais cedo ou mais tarde. Basta surgir uma oportunidade e, principalmente, quando conseguir manter ao seu redor outras pessoas coniventes com alguma atitude suspeita e escabrosa. Desde um simples motorista, quer de táxi, de ônibus ou lotação ao médico, advogado, jornalista, pastor, padre e assim sucessivamente.
Só que nada disso chega a ser novidade do mundo hodierno. Pelo o contrário, desde o tempo dos nossos ancestrais que todo o tipo de falcatruas, golpes 171 e outros arrojados roubos são próprios do ser humano. E com o advento e a proliferação da internet, onde milhões de usuários, os famigerados internautas chegam a abusar da ingenuidade de vários membros da comunidade que utiliza o computador como o principal meio de relacionamentos, compras e namoros etc.
O caso que passo a narrar não está relacionado diretamente a esta fatia do bolo. Mas que não deixou de ser uma atitude suspeita que, de certa forma contou com a ajuda deste campo da informática, por que não? Vamos ao ocorrido:
Uma pessoa da minha família sentiu uma dor misteriosa de um lado do corpo. Tal incômodo fez com que ela fosse a um hospital, usando o seu convênio, diga-se de passagem. O médico a examinou muito rápida e superficialmente e além de receitar um remédio para amenizar a dor, pediu que ela fosse submetida a uma ultrassonografia do estômago. Resumindo: após duas horas, aproximadamente, aguardando o resultado do tal exame, eis que o mesmo médico entrou na enfermaria com uma pasta na mão e com um sorriso irônico no semblante de malandro e foi direto aos finalmentes:
-"Uma dorzinha do lado, não é? Pensa que me engana? Você tem é pedra na vesícula!"
- E o que significa isto? Perguntou o suposto doente.
-"Significa que vou operá-lo. O seu prontuário já está pronto. Só falta a pessoa responsável assinar e você vai entrar na faca!"
Só que ele não sabia que a pessoa com quem ele estava falando já havia trabalhado vários anos em um hospital, conhecia muito bem a rotina deste ambiente, e além disso já tinha sido internado por outros problemas de saúde, portanto, tinha ojeriza a tudo isto.
- O tal prontuário já está feito? Então desfaça-o ou faça o que quiser com ele. Pois eu já estou de saída. Pode operar outro paciente. Eu, não!
Em seguida, chamou os seus parentes que aguardavam numa sala contígua e ali, na presença do tal médico e coniventes com aquela súbita decisão de internação, deixou bem claro que estava se recusando a ser operado de pedra na vesícula, o que deixou todos boquiabertos e incrédulos.
Para não dar o braço a torcer, como se diz, o mesmo médico ainda falou:
-"Estarei aqui até as seis da manhã. Se arrepender, o prontuário ainda estará aqui!"
Ao que o seu "paciente" desobediente filosofou:
-Olha, "As árvores são como as pessoas: nascem, crescem, mas como não têm pés para ir ao médico, vivem mais!"


Em tempo: Algum tempo após este caso, aquela pessoa, por outros motivos, outro médico solicitou uma ultrassonografia, ao que ele não constatou nada de pedra na vesícula e ainda ironizou: "E, infelizmente, há colegas que enxergam muito cabelo em ovo!

João Bosco de Andrade Araújo

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