domingo, 10 de julho de 2011

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

CABER


O que você diria? "Não me cabe discutir esses casos" ou "Não me cabem discutir esses casos"? O que se deve dizer é "Não me cabe discutir esses casos", porque o que não me cabe é discutir, é o ato de discutir. Então deve-se dier "São casos que não me cabe discutir". Definitivamente, o que não cabe a mim é o ato de discutir os casos.

CAÇAR

Quando se suprimem os direitos de alguém, "cassam-se" esses direitos. A Câmara pode "cassar" um deputado.. De "cassar" se faz "cassação", ato de "cassar". "Caçar" é munir-se de alguma arma para tentar capturar um animal ou, figurativamente,uma pessoa. Portanto, não é possível dizer que um deputado foi caçado.


CAIS


Qual o plural de "cais"? Aparentemente, o plural das palavras terminadas em "s" é fdeito com o acréscimo de "es". Mas não é bem assim. Recebem a terminação "es" os monossílabos tônicos e as oxítonas terminadas em "s": "gás/gases", "mês/meses", "rês/reses", "lilás/lilases", "norueguês/noruegueses". São exceções "cais" e "xis" (nome da letra "x"), invariáveis.


CANHOTO


Lá vai uma armadilha da língua: como se lê o "o" do feminino de "canhoto"? "Canhóta" ou "canhôta"? Depende. Segundo alguns estudiosos, o feminino de "canhoto" se lê com o "o" fechado ("canhôta"): "Não adianta forçar a criança a escrever com a direita. Ela é canhota". Como você leu? Segundo outros estudiosos, deve-se ler "canhóta". Com no "o" aberto, temos o substantivo, ou seja, a própria mão esquerda: "Deu-lhe um tapa com a canhota". Agora saia por aí tentando convencer as pessoas a dizer que aquela moça é "canhôta". Um prêmio para quem conseguir.


CAPITAL


Bagdá é a capital do Iraque, um dos berços do islamismo. Qual será o adjetivo relativo a Bagdá? Vamos lá: "bagdali", sem acento agudo no "a" da sílaba "da", o que significa que essa palavra não é paroxítona; se fosse, seria acentuada, como são acentuadas todas as (poucas) paroxítonas terminadas em "i" ("táxi", "biquíni", "júri", "cáqui" etc). Parece inegável, no entanto, a influência prosódica que o substantivo ("Bagdá) exerce sobre o adjetivo. Nos dias mais "quentes" do noticiário sobre a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, não foram poucos os jornalistas de rádio e TV que leram a palavra como se fosse paroxítona, ou seja, como força no "a" da penúltima sílaba. Não custa confirmar: de acordo com os estudiosos, a palavra é oxítona.



Diocionário da Língua Portuguesa

Editora Gold Ltda

Comentários do Professor Pasquale Cipro Neto

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