quarta-feira, 6 de julho de 2011

UM FAVOR REPLETO DE TRANSTORNOS

Fazer um favor, uma gentileza a uma pessoa desconhecida, será que vale a pena? Nem sempre. Pois, dependendo do momento em qual tal gesto for realizado, tudo indica que, alguém pode entrar numa enrascada, num contratempo, numa celeuma, gratuitamente. Senão, vejamos um exemplo atípico: um rapaz trabalhador, mesmo tendo endereço fixo, portando documentos, andava tranquilamente por uma avenida do seu bairro, quando passou por ele, em marcha lenta, um carro sendo empurrado por um rapaz, enquanto o outro, que estava ao volante, demonstrava-se bastante nervoso e desconfiado. Até aí, nada demais se não tivesse sido chamado para dar uma força, ajudando a empurrar aquele veículo. Sem nada desconfiar, o jovem trabalhador não pensou duas vezes para fazer aquele favor. Mas tal atitude lhe custou caro. Chegou a parecer aquelas pegadinhas que passam na televisão. Tão logo pôs as mãos na lataria, eis que se aproxima um carro da polícia e, rapidamente enquadrou os três: "mãos na cabeça!" - "Documentos do carro e Habilitação!" Pela experiência dos policiais, não demorou nada para eles constatarem que se tratava de um carro roubado. Não perderam tempo. Os três foram levados para a delegacia.
Nesse ínterim, o rapaz que estava ali só para fazer um favor, e que era inocente, tentou argumentar que não tinha nada a ver com aquilo. Ao que foi, rispidamente repreendido por um dos policiais: "cala a boca, malandro, todo mundo aqui é inocente!". Mesmo assim, antes de chegar na delegacia, ele ainda pediu que meliantes confirmassem a sua inocência, ao que um deles falou: "Aí, otário, fica na tua, na miúda. A casa caiu e estamos no mesmo barco, sacou? Quando o delegado começou a falar ele pensou: "Agora eu vou ser solto". Ledo engano. Tomou um chá de cadeira até que conseguiu, após várias tentativas provar a alguém naquela delegacia que ele não era nenhum ladrão e sim, trabalhador, tinha documentos, endereço fixo etc. O certo é que só após muitas horas ele conseguiu ser solto. Ainda bem.
E a partir daquele dia, sempre que via alguém empurrando um carro na rua ele, automaticamente, já se lembrava daquele fatídico dia em que foi confundido com um ladrão de carro, mas só que não passou apenas de um grande "laranja". Pois foi essa a alcunha que o delegado o definiu quando o dispensou, completando: "Da próxima vez que perceber alguém empurrando um carro na rua, pense duas vezes antes de ajudar, pois pode se ferrar, como desta vez!.
E até o suco dessa fruta - laranja - ele passou evitar só para não se lembrar de tal fato desagradável.


João Bosco de Andrade Araújo

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