domingo, 17 de julho de 2011

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

CAPUZ


Certa vez ouvi no jornal HOJE, da TV Globo, a apresentadora Sandra Annenberger dizer "encapuzado". É isso aí, querida Sandrinha! É "encapuzado" mesmo. Muita gente diz - e escreve - "encapuçado" trocando o "z" por "ç". O erro tem fácil explicação: em português, não é 100% garantida a manutenção da grafia da palavra primitiva nas derivadas. O substantivo é "tórax" com "x". Mas o adjetivo não é "toráxico". É "torácico", com "c". Mas, no caso de "capuz", o "z" permanece nas derivadas.


CARATÊ


"Caratê" ou "karatê"? Essa é uma das tantas palavras estrangeiras que já ganharam forma aportuguesada: "caratê", com "c" e com acento circunflexo, já que se trata de uma oxítona terminada em "e".


CARRASCO


Uma mulher não é "uma carrasca"; é "um carrasco". Na linguagem oral, familiar, no entanto, o uso de "carrasca" é mais do que frequente. Ao pé da letra, o carrasco é aquele que executa uma sentença de morte ou de tortura. Essa palavra vem do sobrenome de BELCHIOR NUNES CARRASCO, que teria vivido em Lisboa há mais de quinhentos anos. Seu ofício? Executar condenados. No uso cotidiano, quando se diz que que determinada pessoa é um carrasco, não se quer dizer que ela executa ou tortura alguém; em geral, quer-se dizer que essa pessoa é muito má, impiedosa, cruel.


CARRO


Em qualquer manual que trate do assunto, sempre aparecem listas dos casos em que é impossível pensar em crase - os casos proibidos, proibidíssimos. O número 1 sempre é o das palavras masculinas. Até aí, nenhum problema - desde que se use o raciocínio. Sabemos que palavras masculinas não admitem artigo feminino, o que é mais do que óbvio. No entanto, é mais do que comum encontrarmos por aí algo como "carro à álcool", "ferro à vapor", barco à remo" etc. Tudo errado. "Álcool", "vapor", "remo" são palavras masculinas; por isso não é possível encontrar artigo feminino antes delas.


CATACLISMA


"Cataclismo" ou "cataclisma"? Esta é uma dupla danada. Aliás, a dupla é duplamente danada. Primeiro, porque a forma registrada é "cataclismo", com "o" e não "cataclisma". Segundo, porque a palavra é masculina: "o cataclismo"; "um cataclismo". Figurativamente, pode significar "convulsão social, revolta". E ainda "grande desastre, derrocada". Na prática, a palavra é quase sempre empregada com o último sentido.


Comentários do Professor Pasquale Cipro Neto

Dicionário da Língua Porguguesa

Editora Gold Ltda

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