segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A SAGA DE UMA ANEMIA CRÔNICA -

O QUARTO DE UMA ENFERMARIA


O que me chamou logo a atenção, logo que fui colocado no leito daquela enfermaria foi um aparelho telefônico ao lado da cebeceira e que poderia fazer ligações a qualquer momento para ambos os pacientes ou visitantes. Eu digo ambos, porque geralmente nestas enfermarias sempre são colocados dois pacientes por quarto. Portanto, logo que cheguei, não demorou muito, trouxeram outra pessoa que necessitava de tratamento.
A rotina de um ambiente hospitalar eu já conhecia,mas pelo outro lado, isto é, como funcionário. Afinal, já havia trabalhado mais de três anos na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, não propriamente como enfermeiro, mas como auxiliar de Assitência Social. Ou seja, a minha rotina de trabalho era entrar em contato direto com os pacientes e seus familiares, visando sempre a necessidade dos primeiros. Portanto, agora como paciente, era só ficar na expectativa para saber como seria tratado naquele ambiente cheirando a remédios.
Nesta primeira noite, como já chegamos muito tarde, inclusive, a minha esposa ficou impossibilitada de regressar para a nossa casa, pois não tinha mais condução. Então, graças à boa compreensão da enfermeira do terceiro turno, abriu uma exceção e permitiu que ela passasse o restante da noite ali mesmo, acomodada, sentada simplesmente em uma cadeira, num lugar próximo à enfermaria onde eu estava. Quando eu acordei, ela já não estava mais ali, pois como tinha outros compromissos, deve ter partido tão logo percebeu que os ônibus já estavam rodando. A responsabilidade falou mais alto, pois ela precisava abrir a nossa banca de jornal e cuidar de outros afazeres domésticos, que era divididos com a sua irmã que morava conosco, naquela época, ainda bem. No período da tarde, a minha esposa já estava retornando àquele hospital para me visitar, trazendo algumas roupas, livros e frutas. Só que, algumas destas, como não era permitido consumí-las naquele ambiente, devido a dieta especial e diferente administrada aos pacientes. Então já começava a sentir o drama. Era tudo muito regrado, sem nenhum sabor, tempero e sal.
Numa enfermaria de hospital, observei logo no primeiro dia, que nunca se fica totalmente só. Mesmo tendo outro paciente no mesmo quarto, o que se percebe facilmente é um entra e sai de enfermeiros (as), copeiras, pessoal da limpeza e sem falar nos médicos e médicas. Principalmente, quando se sente algum incômodo a qualquer hora, qualquer paciente pode solicitar a presença imediata de alguém da enfermagem, acionando apenas uma campainha acoplada bem próxima da cabeceira do leito de cada um. É sempre bom saber que sempre tem alguém disposto a cuidar de um doente numa enfermaria de hospital, mesmo que, dependendo da hora, de madrugada, por exemplo, venha bocejando ou com os cabelos em desalinhos. A presença de uma pessoa é sempre imprescindível e gratificante.

(Na próxima postagem: continuação das primeiras impressões sobre
a enfermaria de um hospital)

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