quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

MENTIRAS INOFENSIVAS & PARADOXOS CORRIQUEIROS

"IREI MORRER/ESTOU MORRENDO ou MORRI DE SAUDADES DE VOCÊ!"


Qualquer uma dests frases subentende-se uma grande força de expressão, o que de acordo com a gramática da língua portuguesa, trata-se de um vício de linguagem denominado de hipérbole. Portanto, antes que alguém metida a pedante e perfeccionista critique uma pessoa que se expressa desta maneira, é bom que fique claro que não há nada de anormal numa expressão assim, mesmo trazendo no seu contexto um paradoxo corriqueiro.
Veja bem: Em primeiro lugar a palavra SAUDADE, que muitos julgam existir só na língua portuguesa, há controvérsia. Portanto, trata-se de um delírio, um equívoco de alguns estudiosos no assunto. Esta palavra que se resume num desejo incontido de estar com alguém querido que viajou ou mesmo faleceu pode sim, não ter sinônimo, ou seja, outra palavra correspondente ou que a substitua, aí serão outros quinhentos. Pode-se concordar plenamente.
Agora o contrassenso está na palavra que a antecede. Estou me referindo ao verbo morrer, o que é muito forte. Pensando bem, no seu ínterim, a saudade em si não é algo assim tão mau como se fosse um veneno ou uma arma perigosa ao ponto de matar alguém. Então, se é um sentimento bom, como se explica que ele pode pode matar? Por outro lado, se fosse um estresse, uma grande frustração ou preocupação, que é algo pernicioso e letal, aí sim, teria alguma lógica se se falasse assim: "Eu irei morrer/estou morrendo ou morri de estresse, desgosto, frustração, preocupação" nada a contestar. Teria até alguma lógica. Já com relação a SAUDADE, que é algo bom, repito, tal frase: "Irei morrer/estou morrendo ou morri de SAUDADE", portanto, não justifica.


João Bosco de Andrade Araújo

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