terça-feira, 31 de janeiro de 2012

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

FRIO

Quando dizemos "temperatura de primavera", podemos trocar a expressão "de primavera" por "primaveril" ("temperatura primaveril"). E qual será o adjetivo relativo à expressão "de inverno"? Não há apenas um, não. Anote aí: "invernal", "hibernal", "hiemal", "hiberno", "hibernoso". Em vez de "dia de inverno", por exemplo, podemos dizer "dia hibernal", "dia invernal", "dia hiemal" etc. Bem, um dia hibernal certamente é um dia frio. E se for muito frio? Que se pode usar no lugar de "muito frio"? Caso se queira fazer a troca pura e simples de "muito frio" (forma analítica do superlativo de "frio") pela forma sintética corrrespondente, deve-se empregar "friíssimo" ( "um dia friíssimo"). Caso se queira simplesmente uma palavra de sentido equivalente ao de "muito frio", podem-se usar os adjetivos "glacial", "gélido", "álgido", "algente" (um dia gélido", "um dia álgido"). "Álgido" e "algente" não são palavras comuns no dia a dia, mas aparecem com frequência em textos literários clássicos.


FUGIR


Por que "fujam" se escreve com "j",mas "fugimos" se escreve com "g"? Em português, não há verbos terminados em "jir", o que significa que "fugir", "agir", "dirigir", "fingir", "divergir", entre outros, são grafados com "g". Na conjugação desses verbos, a coisa muda. Na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, o "g" precisa dar lugar ao "j" para que se mantenha o som que aquela letra tem no infinitivo: "fujo", ajo", "dirijo", "finjo", "divirjo" etc. Se trocássemos o "j" dessas formas verbais por "g", teríamos "fugo", "ago", "dirigo" etc. Quando se passa da primeira pessoa do singular para a segundo (do presente do indicativo), morre a necessidade de trocar o "g" por "j": "tu foges", "ele foge", "eles fogem", "ele dirige" "nós dirigimos" etc. É bom lembrar que o presente do subjuntivo se baseia na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Assim, de "eu fujo" se faz "que eu fuja", "que tu fujas", "que ele fuja", "que nós fujamos" etc. De novo, é necessário trocar o "g" do infinitivo por "j". Em suma, basta lembrar que, no time dos verbos terminados em "gir", o "g" é titular e só vai para o bando de reservas quando sua presença acarretaria alteração fonética.


FULANO


Muita coisa que se fala raramente se escreve. Um desses casos é o da sequência "fulano, beltrano e sic..." E agora? com "l" ou com "r"? Bem, talvez você tenha estranhado o "s" no início dessa palavra. Muita gente talvez apostasse bons tostões no "c", mas a letra inicial é mesmo "s": "sicr..." E então? É com "r": "sicrano".


FUMAR


O imperativo negativo gera fatos interessantes. Se você detesta cigarro e um amigo seu se mete a fumar a seu lado, você imediatamente dispara um "Não fuma aqui!". O que você acharia de ver isso escrito num lugar público - um hospital, por exemplo? Nem pensar! O que se vê é mesmo "Não fume", de acordo com o português padrão. O mesmo acontece quando você está no carro com um amigo que resolve parar num lugar inconveniente. "Não estaciona aqui!" é o o que se diz e ouve no dia a dia. Que tal isso na garagem de sua casa? O que se fala nem sempre se escreve.


FURTAR

É claro que você já viu aqueles objetos que projetam uma imagem que muda de acordo com a posição. Se você vira para um lado, vê uma coisa. Se vira para outro, vê algo muitas vezes impróprio para menores. Esse efeito também ocorre com outras - roupas, por exemplo. Pois bem. Muita gente se refere a isso empregando a expressão "fruta-cor". Nem pensar! É "furta-cor", por motivos óbvios. "Furta", de "furtar" mesmo. No que se muda a posição, "furta-se a cor.

Comentários do Professor Pasquale Cipro Neto

Dicionário da Língua Portuguesa

Gold Edidtora Ltda

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