quarta-feira, 22 de abril de 2009

TESTEMUNHA DE UM ASSASSINATO

Pelo título exposto, a primeira impressão que dá é que se trata de algum livro ou filme, enfim de alguma história narrada magistralmente pela renomada escritora Agatha Christie. Mas, não o é. Trata-se de caso que tive a desventura de presenciar à minha revelia, diga-se de passagem.
Como de costume, naquele fatídico sábado ensolarado, fui à casa lotérica do meu bairro cumprir algumas obrigações e também fazer uma “fé” em alguma loteria, por que não? Logo que cheguei ao local, até fiquei contente, pois a fila não estava muito grande, o que significava que logo eu regressaria para a minha pequena banca de jornal, onde nesse ínterim, ficou a minha filha de apenas 15 anos, que por sinal, não gostava de ficar lá sozinha, com toda a razão.
Paguei as contas, fiz o jogo. Quando saí do guichê e estava guardando a papelada na carteira, percebi um elemento pulando a divisória de vidro, enquanto outro meliante que estava postado na porta do estabelecimento empunhando uma arma, mandou que todos ali se deitassem. Obedecemos, incontinenti. No mesmo instante os tiros ensurdecedores começaram no interior da casa lotérica. O susto foi tão grande que qualquer um ali só pensava que se tratava de um assalto com final trágico. Foi tudo muito rápido.
Feito o “serviço” o que tudo indicava que foi uma vingança premeditada, o assassino saiu correndo com o comparsa, antes porém, jogando no chão da casa lotérica onde estávamos deitados a arma do crime. Vendo aquilo, levantei-me rapidamente, peguei a minha carteira que tinha ficado sobre o balcão central e saí tremendo com o coração totalmente descompassado. Fiquei tão atônito que, ao invés de atravessar a avenida e ir pegar a condução de volta para o meu aconchego, fiquei andando na calçada ao lado para cima e para baixo. Muitas pessoas correndo e comentando ao mesmo tempo o lamentável acontecimento, mas eu não conseguia captar nada e pouco me interessava.
Aquele local logo foi invadido por uma multidão de curiosos tentando descobrir o que realmente acontecera.Logo em seguida a polícia também chegou para fazer a ocorrência. O que se comentava é que se tratava de um assalto e o crime ocorreu porque houve reação. Quando na realidade não foi nada disso. O bruto e estúpido assassinato aconteceu por pura vingança. Segundo pessoas que conheciam muito bem a vítima, tempos atrás, quando uma dupla tentou realmente assaltá-lo no mesmo local, ao pressentir tal ato covarde, sacou sua arma e atirou primeiro em um dos ladrões, o qual veio falecer logo em seguida. Naquela ocasião, o comparsa ao socorrer o colega ainda teve tempo de deixar bem claro ao proprietário da casa lotérica: “Você não perde por esperar, cara! Já pode se despedir da sua família!”
Infelizmente o dito cujo não levou a sério a ameaça do bandido e continuou trabalhando como se nada tivesse acontecido. Passado algum tempo, aquele mesmo bandido arrumou outro comparsa e veio cumprir o que prometera, mandando aquele homem para a cidade dos pés juntos, deixando a família e empregados sob a proteção de Deus.
Particularmente, jamais pensei de ficar tão próximo de uma cena trágica como essa. Mas infelizmente ninguém está isento da violência que assola o mundo. Salve-se quem puder!
João Bosco de Andrade Araújo

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