sexta-feira, 14 de outubro de 2011

INQUILINOS POR UMA HORA

Todos sabemos que o problema da moradia numa cidade como São Paulo é algo que dá muita dor de cabeça e frustração. Afinal, milhares de pessoas chegam diariamente nesta megalópole sem comparação com as que saem, deixando a sua população cada vez maior. Portanto, encontrar um pequeno imóvel para alugar é como se tentar encontrar uma agulha num palheiro. Não é nada fácil. É necessário ter muita sorte também. E quando encontra algum sempre surge um empecilho qualquer para o desgosto do futuro inquilino. Quer seja a localização, o tamanho, as condições do pagamento etc. Para ilustrar este assunto, citarei um caso recente que aconteceu a um casal que chegou recentemente do nordeste do Brasil. Os dois estão hospedados na minha casa, temporariamente enquanto arrumam um ou dois cômodos. A minha esposa, que é tia de um deles, prontificou-se a procurar juantamente com ambos alguma acomodação.
Após algumas tentativas frustradas, eis que por acaso, perceberam uma placa num cômodo bem situado, numa rua bem movimentada aqui mesmo na Cidade Tiradentes - zona leste de São Paulo. A minha esposa, como é mais experiente neste assunto, logo admirou-se daquela "facilidade" daquele imóvel. Imediatamente procurou logo conversar com o proprietário, por sinal, um senhor bastante esquisito, estranho, desconfiado etc etc. Mesmo assim, mediante a exigência do dito cujo, já deu cem reais para "segurar" o aluguel. A partir daí, o casal ficou entusiasmado e comprou logo alguns objetos para a sua moradia. Bastava aguardar mais dois dias, enquanto o dono do cômodo mandasse fazer pequenas reparos naquele imóvel.
No dia combinado, após um telefonema, a minha esposa e o casal foram ali regressaram para efetuar a outra parte do pagamento do restante do aluguel, no caso, um mês adiantado e pegar a chave. A primeira parte foi resolvida. Isto é, o pagamento foi efetuado. Porém, quando após uma hora regressaram ao local para o recebimento da chave e fechar o contraro, tiveram uma súbita surpresa. Como aquele senhor já demonstrara anteriormente que era uma pessoa assustada, insegura, a minha esposa e casal jamais iriam pensar que ele fosse tomar aquela atitude inusitada. O psicopata do proprietário logo que viu o carro com os futuros inquilinos e ao se assustar com a buzina, abriu os braços bruscamente e sem mais nem menos, foi logo gritando:
-"Acabou! Nada feito! Não tem mais aluguel. Passa pra mim o recibo que eu lhe dei que eu vou lhe devolver o dinheiro. Não tam mais contrato. O cara aí quase que bate no meu carro, onde ja se viu? Ele parece ser estourado e eu sou mais ainda! Acabou!"

Após ouvir este desabafo sem lógica daquele senhor louco, o casal e a minha esposa agradeceram a Deus primeiramente por aquela atitude tresloucada, antes que fosse tarde demais. E só depois disto é que entenderam o porquê que aquele imóvel já estivesse há muito tempo desocupado. O seu proprietário era o motivo da falta de inquilino. Era um louco!


João Bosco de Andrade Araújo

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