segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A SAGA DE UMA ANEMIA CRÔNICA

Seu Edgar: um companheiro de enfermaria


Logo de cara dava para perceber que se tratava de uma pessoa confiável. Pra ser sincero, nem parecia que estava tão doente assim para ficar internado naquele hospital. Mas, como eles costumam dizer: "cada caso é um caso".
Mas o seu Edgar, conforme estava dizendo, estava bastante inconformado com aquela súbita internação, pois conforme me falou logo que chegou, não tinha caído a ficha ainda. Ninguém da sua família sabia direito o que acontecera com ele. O dito cujo, menos ainda. O certo ou errado é que estava ali para ser tratado. E pelo que me contou, realmente o seu caso era bem atípico, para não dizer, muito estranho e de difícil explicação. Com a palavra o seu Edagar:
-"Olha, seu João, o que aconteceu comigo ontem, após o almoço, na minha residência foi algo que ninguém conseguiu entender nada. Nem os próprios médicos que me atenderam logo que dei entrada no Pronto Socorro do bairro onde moro. Só sei que chegaram a comparar o que houve comigo o mesmo que aconteceu com o jogador Ronaldo, o fenômeno, naquela fatídica Copa do Mundo, quando perdemos para a França."
-Então foi uma convulsão? - Tentei arriscar um palpite.
-"Olha, isto ninguém tem certeza. Só lembro que terminei de almoçar e como faço normalmente tiro um cochilo. Então, segundo a minha dileta esposa, repentinamente, pulei do sofá, ameaçando quebrar tudo que estava na sala. Não obedecia e muito menos reconhecia ninguém. Ao mesmo tempo que balbuciava palavras sem nexos, ficando totalmente irreconhecível de uma hora para outra. Segundo ela e os vizinhos, eu tentava morder, bater quem tentasse me segurar. E só conseguiram quando o resgate chegou e em seguida me levaram para o Pronto Socorro mais próximo.
-E aí, quando ficou consciente?
-"Então, seu João, chegando neste PS, por sinal, um lugar horrível, imundo, fedido, sei lá, eu já estava um pouco melhor, mas ainda um pouco tonto, sei lá. Então pedi logo, pelo o amor de Deus, para me tirarem logo daquele antro. Por fim, graças a um médico mais atencioso, apesar da correria naquela hora, ele fez uma guia e me trouxeram para este hospital, através do meu convênio médico. E agora não sei o que vai acontecer comigo. Só tenho certeza de que não sinto nenhuma dor e acho que estou bom, não é verdade?"
-Sem dúvida, seu Edgar. O senhor parece bem disposto - confirmei.
E realmente ele tinha toda a razão. Só ficou um dia internado. Ou melhor, algumas horas. Logo em seguida recebeu alta, conforme a sua previsão.
Eu fiquei só , mas foi por pouco tempo. Logo me transferiram para um quarto contíguo, onde tinha um leito vago. E neste onde eu estava, iria ser ocupado por duas pacientes, simultaneamente. Portanto, tinha muita lógica. Não reclamanei de nada e a transferência foi feita sem nenhum problema. Pelo menos, por enquanto.
Pela movimentação das pessoas neste outro quarto e gemidos sucessivos do paciente ao lado, cheguei logo à conclusão que a minha tranquilidade tinha acabado. Mas também, pudera! Eu tinha que me conscientizar que estava num hospital, não era no meu lar, não. Pelo visto, a minha leitura costumeira e predileta iria ficar adiada, pelo menos, por enquanto. E foi realmente, o que aconteceu. No dia seguinte, aquele paciente que precisva de visita durante as 24 horas, logo foi transferido para outro hospital. O motivo da sua doença não fiquei sabendo, mas também,do que adiantava, se não poderia ajudar em nada...pelo contrário, eu também estava ali, dependendo da ajuda dos outros. E desejei, como sempre fiz, muita boa sorte e felicidade a todos que iam deixando o hospital.


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