sábado, 24 de dezembro de 2011

OS PANETONES DA EDUCAÇÃO

"Conta a lenda que, às vésperas do Natal, havia três panetones de chocolate na prateleira do mercado. O primeiro era apresentado em uma caixa bonita de tons sóbrios, cobertura de bom chocolate, muito recheio trufado e um belo laço de fita vermelha. O segundo era um meio termo, caixa amarelo-ovo, algums gotas de chocolate, nada de cobertura e uma massa palatável. O terceiro era fabricado pelo próprio mercado, não tinha caixa, só uma embalagem plástica com motivos natalinos, uma massa seca e suja de chocolate onde gotas deveriam haver. Respectiva e coerentemente custavam R$50.00, R$30.00 e R$10.00.
Havia também três mulheres. Uma senhora, escritora de sucesso, colunista de uma famosa revista em que sempre anunciava-se como otimista, apesar de seus textos serem carregados de pessimismo crônico e encapsulado. A segunda era uma professora de escola pública "meia-boca", frequentada pela classe média abandonada, meia idade, meio remediada, meio mãe de dois filhos, moradora de um bairro mais ou menos. A terceira estava desempregda, fazia algumas diárias de faxina como bico e mãe solteira de três filhos cujos três pais sumiram. Respectivamente ganhavam por mês R$20 mil, R$1.500 e R$500,00. Curiosamente, o destino as uniu nesta época do ano.
A primeira escreveu um artigo sobre Educação , numa grande revista de circulação nacional, onde critica a péssima qualidade do setor do Brasil e afirmava que sua má-gestão era um interesse, sobretudo, politiqueiro, responsável pelas mazelas do País. A segunda, sempre impossibilitada de comprar ou assinar um revista, as acessava na antessala do médico ou do dentista e, apesar de professora, preferia ler publicações sobre celebridade, fofocas e novelas. A terceira malocou a revista na bolsa enquanto limpava o consultório. Não fez por mal, mas seu filho caçula precisava fazer um trabalho final de colagem para a escolinha onde ficara em recuperação de fim de ano e ela ficou com vergonha de pedir a publicação ao doutor.
O tolo então perguntou ao sábio: "Senhor, por que as três mulheres deram destinos tão diferentes ao texto sobre a Educação no Brasil?" O sábio respondeu:
-"Justamente pelo mesmo motivo que temos três panetones de chocolates diferentes no mercado".
O tolo continuou sem entender. O sábio, então, disse: "Meu caro, textos sobre Educação no Brasil, publicados em jornais e revistas, são iguais panetones de chocolate: Os mais caros pecam pelo excesso e dão até dor de barriga, o mediano é até bom, mas não passará de um rito metódico de compra de fim ano para quem pouco compreende sua importância e simbologismo; o mais barato é a alternativa para os que pouco têm e que ainda são suficientemente criativos para comer o pão ruim e ainda aproveitar a embalagem e as firulas". E o sábio concluiu:
-"Quem muita fala em Educação é porque sobra-lhe diarréico recheio: quem desdenha e não se importa teve uma Educação ruim, mas não pode ou não consegue fazer melhor; e quem realmente a transofrma em fantasia são aqueles que quase nada têm, jamais entenderão seu significado e suas palavras servirão apenas para construir outrs frases".

(PONTO DE VISTA) - METRÔ NEWS

Helder Caldeira

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