-"Amanhã cedo estarei aqui para saber como você passou a noite!"
E o absurdo de todo aquela movimentação noturna é que não se importaram de colocar o meu leito no seu devido lugar. Logo que sairam, para eu não ter um sono "atravessado", literalmente, levantei-me e coloquei o meu leito no seu devido lugar. Agi com cautela, tentando não fazer nenhum barulho para não importunar o recém-chegado. O qual, sem querer, me deu foi um susto, pois quando olhei para o dito cujo, ele estava com os olhos arregalados, imóveis, fitando a minha pessoa. Pelo visto, ele não tinha a menor noção onde estava e muito menos o que havia acontecido. Apenas cumprimentei-o, levemente, perguntando inclusive,como ele estava. Tudo isto, por pura educaçaõ. Pois dava para perceber que ele não tinha condições de falar nada. Apenas gemia baixinho.
Logo ao amanhecer, com os raios do sol invadindo aquele quarto de hospital, logo começou a rotina dos enfermeiros e médicos, visitando os pacientes. E nesse entra e sai, percebi que havia um policial de plantão bem na porta que dava para o corredor. Pelo visto, ele passou a noite ali, de plantão. Pensei com os meus botões: "Só se este paciente for um colega da corporação ". Que nada! Mais tarde, quando ele foi transferido para outra enfermaria ou até um centro cirúrgico, não tive certeza, chegou ao meu conhecimento que passei a noite na companhia de um ladrão, assaltante muito perigoso, que inclusive no revide com a polícia chegara a matar um soldado.
Depois disto, colocando os pontos nos "is", foi que entendi o porquê da ausência de familiares na hora da visita e a presença ininterrupta de um policial na porta daquele quarto de hospital.
Os assassinos e ladrões também precisam de tratamento porque, como seres humanos, apesar de mau caráter, sentem dores. E muitas vezes, a sobrevivência deles pode levar a polícia a desvendar outros assassinatos e maracutaias de outros meliantes.
João Bosco de Andrade Araújo
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