quinta-feira, 15 de março de 2012

FRUSTAÇÃO AO VOLANTE

Para não dizer que o meu vizinho nunca se interessou por carro, talvez porque na sua família humilde e pobre ninguém nunca teve condições financeiras para comprar um, ele até que, certa ocasião, tentou aprender a dirigir, agora imagina, por correspondência. Não ria, por favor, que isto não é piada e foi um fato verídico. Vamos aos fatos: Havia um programa de rádio em 1970, onde onde um instrutor de autoescola dava aula teórica, ou seja, um curso simulado de formação de condutores, onde o (a) ouvinte (pseudoaluno (a)) aprendia aprendia e acompanhava através de pequenas apostilas enviadas pelo correio, como dirigir um automóvel e, consequentemente, habilitando-se para fazer aulas práticas de volante e, posteriormente, prestar a prova teórica e prática no DETRAN da sua cidade, mais precisamente, São Paulo. Se lograsse algum êxito ou não, tudo dependia de uma boa "conversa" entre aluno e seu respectivo instrutor na hora da prova. Acho que você entendeu que acerto é este.
Contudo, como o meu vizinho, naquele tempo estivesse empregado, ficou só na teoria mesmo. Na hora de passar para o outro módulo, por falta de dinheiro, desistiu. Uma aula prática, pra ser preciso, ele teve na raça, dirigindo um táxi que o seu irmão, naquela época trabalhava com um e o deixou na casa dos seus pais, com quem morava. Não tomaria tal atitude petulante e corajosa se não fosse estimulado por um sobrinho, por sinal, louco por carros. E ficava no pé dele, dizendo: "Vamos, tio, pega aí o táxi, vamos dar uma volta no quarteirão!" Você só aprende a dirigir, pegando no carro e dirigindo". "Só na teoria não aprende nada". "Vamos lá". Diante de tanta insistência, pegou a chave do carro, enquanto o seu irmão dormia, uma vez que trabalhara durante toda a noite. E lá foram os dois metidos a motoristas. Pra ligar o fusca não foi nada difícil. Nem mesmo para sair vagarosamente pela sua rua sem muito movimento. Que beleza! Acontece que ao dobrar a primeira rua, logo perceberam que, como havia chovido bastante naquela manhã, a dita cuja, como não era asfaltada, estava repleta de lama e quase inundada mesmo. E agora? Como vou fazer? Acho que vou voltar pela mesma rua. Não dá pra ir em frente - pensava o meu vizinho. Ao que o seu sobrinho, muito afoito, pediu para ele não desistir e seguir pela rua enlameada assim mesmo e dizia:
-Vai, tio, vai em frente que passa!
-Olha que não dá, rapaz!
-Dá, tio, vai. Olha o carro aí atrás buzinando! Vamos embora, tio>
Engatou a primeira, pisou no acelerador e o carro já entrou naquela rua ridícula patinando, dançando mesmo, sem música. Enquanto um se matava de rir, o meu vizinho conseguiu deixar o fusquinha atravessado na dita cuja. Ou seja, agora nem pra frente e nem pra trás. Resolveu descer, sujando os pés na lama e ir acordar o irmão, já imaginando na bronca que iria levar, enquanto deixou o sobrinho gozador e infantil, morrendo de rir dentro do carro. Quando voltou com o irmão, após meia hora, só chegou atá à esquina e mostrou o seu táxi atravessado e voltou correndo para casa, pois sabia que a partir daquele momento, nada mais ele poderia fazer, a não ser levar uns murros e xingamentos do seu irmão ainda sonolento e de mau humor, com toda a razão, diga-se de passagem.
A partir desta data, o meu vizinho, pegou uma ojeriza por carro, que nunca mais tentou tirar a Carta de Habilitação, quanto mais dirigir algum carro. Esta triste experiência ele jamais conseguirá esquecer. Quanto ao seu sobrinho, bem, este, infelizmente Deus já recolheu por outros motivos escusos e nunca explicados. Foi realmente uma morte misteriosa. Mas aí já é outra história!

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