quinta-feira, 29 de março de 2012

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

IBERO


O acento nada mais é do que um aviso de que aquela palavra nega a tendência de tonicidade da língua. Se todos soubessem disso, ninguém leria mal a palavra "ibero", nem "pudico" (que significa "que tem pudor, recato", "casto", "envergonhado"), muito menos "filantropo". Em nenhuma delas se vê acento na antepenúltima sílaba, ou seja, nenhuma delas é proparoxítona. Então nada de ler "íbero", "púdico", ou "filântropo". A sílaba tônica de "ibero" é "be", a de "pudico" é "di" e a de "filantropo" é "tro".


ÍDOLO


Muita gente fica na dúvida quando se refere a uma mulher de que o público gosta. Deve-se dizer "uma ídola"? Não. Independentemente do sexo, deve-se dizer "um ídolo". "Ela é ídolo nacional"; "Ela é o maior ídolo da canção brasileira". Outra palavra que não sofre alteração é "carrasco". Não diga "Ela é uma carrasca". Diga: "Aquela mulher é um carrasco".


IDÔNEO


Por que as terminações de "idoneidade" e "seriedade" são diferentes? Nesses dois substantivos abstratos existe a noção de "qualidade de" ("idoneidade" é a qualidade de "idôneo"; "seriedade" é a qualidade de "sério"). Os substantivos abstratos derivados de adjetivos terminados em "eo" apresentam a terminação "eidade": de "simultâneo" faz-se "simultaneidade"; de "espontâneo" faz "simultaneidade"; de "espontâneo" faz-se "espontaneidade"; de "idôneo" faz-se "idoneidade". Não se pode esquecer que de"contemporâneo" se faz "contemporaneidade" e que de "homogêno" se faz "homogeneidade", Os substantivos abstratos derivados de adjetivos terminados em "io" apresentam a terminação "iedade": de "primário" faz-se "primariedade"; de "obrigatório" faz-se "obrigatoriedade"; de "sério" faz-se "seriedade". Convém lembrar que,na verdade, em todos os substantivos abastratos aqui citados ocorre o sufixo "-dade", que se ajusta à palavra primitva de diferentes maneiras (honesto/honestidade", "bom/bondade").



IDOSO


O que é um bolo saboroso? Certamente, é um bolo cheio de sabor. Presente em inúmeras das nossas palavras, a terminação "-oso" indica ideia de abundância, de posse plena. Um dia chuvoso é cheio de chuva, assim como um lugar perigoso é cheio de perigo. E um homem idoso? É cheio de quê? De "ida"? De "ido"? Não é isso, não. Um homem idoso é cheio de idade. Pois bem, se é cheio de idade, deveria ser "idadoso", não? Deveria, mas não é. Temos aí um processo chamdo "haplologia", que nada mais é do que a surpessão, no interior de uma palavra, de uma de duas sílabas iguais ou semelhantes e contíguas. Quer um exemplo: "saudadoso ("saudade" + "-oso"), que, por haplologia, se transofrma em "saudoso". Quer outro? Anote aí: "trágico-cômico", que se transforma em "tragicômico".


Comentários do Professor Paquale Cipro Neto


Dicionário da Língua Portuguesa


Gold Editora Ltda

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