segunda-feira, 19 de março de 2012

TIRANDO DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

HINO

A letra do Hino Nacional é cheia de inversões. Há uma logo no começo: "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico brado retumbante". Qual o sujeito dessa oração? Quem ouviu o brado retumbante? De início, é preciso lembrar que não há acento indicador de crase no "as" de "as margens plácidas". Bem, agora vamos eliminar a inversão, ou seja, vamos colocar a frase na ordem direta: "As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico". Foram as margens plácidas (plácidas" siginifca "calmas") que ouviram o brado ("grito") retumbante ("que retumba, "que ecoa") de um um povo heroico. O sujeito dessa oração, portanto, é "as margens plácidas do Ipiranga". Outra inversão ocorre em "Brasil, de amor eterno seja símbolo o lábaro que ostentas estrelado". Na ordem direta, teríamos algo como "Brasil, (que) o lábaroque ostentas estelado seja símbolo de amor eterno". É bom que se diga que "lábaro" significa "bandeira, "pavilhão", "estandarte". Agora descubra você mesmo (a) outras inversões da letra e desfaça-as. Bom trabalho.


HOJE


Afinal, como se deve dizer, em termos de língua padrão: "Hoje é" ou "Hoje são 16 de
março"? Na indicação de hora, data e distância, o verbo "ser" costuma concordar com o número que lhe é próximo: "De São Paulo a Campinas são 97 quilômetros"; "Já são duas horas"; "São quinze para o meio-dia", "Já é meio-dia e quinze", "Já é uma e quinze", Já são quinze para o meio-dia". No caso das datas no entanto, o uso real é outro. Predomina a opção pelo singular ("Hoje é 16 de março") o que certamente se explica pela elipse da palavra "dia". O Professor Domingos Paschoal Cegalla cita um exemplo de ninguém menos do que Joaquim Mattoso Câmara Jr. em que isso se verifica. Como se vê, a forma "são" é indiscutível, mas a forma "é" tem razão de ser. Em tempo: se a palavra "dia" estiver explícita, o singular é obrigatório ("Hoje é dia 16 de março")


HOMEM


Infelizmente, a paz no Oriente Médio ainda é um sonho. Com uma frequência estarrecedora, suicidas fazem voar prédios e pessoas inocentes. São "homens-bomba". Ou serão "homens-bombas"? Vejamos: "homem-bomba" é substantivo composto, formado por dois substantivos. O segundo substantivo (bomba") limita a extensão do primeiro, já que indica ideia de finalidade. O homem se "transforma" em bomba, já que sua intenção é agir como explosivo. Nesses casos (e também naqueles em que o segundo substantivo indica semelhança, como ocorre em "peixe-boi"), há alguma controvérsia entre os gramáticos. Alguns sugerem que só se flexiona o primeiro elemento: "os homens-bomba", "os peixes-boi", "as mangas-rosa", "os navios-escola". Outros dizem que a tradição da língua sugera que só se flexiona o primeiro, mas não deixam de fazer referência ao fato de que modernamente é comum a flexão dos dois elementnos (os homens-bombas"), "os peixes-bois", "as mangas-rosas", "os navios-escolas". Moral da história: a tradição da língua recomenda o emprego de "Homens-bomba", mas a forma "homens-bombas" é perfeitamente possível.


Comentários do Professor Pasquale Cipro Neto

Dicionário da Língua Portuguesa

Gold Editora Ltda

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