terça-feira, 13 de março de 2012

A SAGA DE UMA ANEMIA CRÔNICA

Dei entrada na enfermaria por volta das 17 horas. Eu já estava tão ligado a tudo que acontecia à minha volta que inclusive comentei, ao ver a televisão ligada num dos quartos enquanto passávamos, percebi logo que estava sendo transmitido o jogo do meu time de futebol preferido, o Santos Futebol Clube. Isto já foi motivo de alegria para os meus familiares. Por sinal, nesta ocasião, a minha esposa conseguiu, com muito esforço, uma permissão especial para que alguns parentes que vieram me visitar conseguissem entrar, simultaneamente no quarto, pois o horário de visita já tinha sido esgotado. Foi o que se costuma chamar de exceção. Nesta ocasião, por sinal, fiquei bastante emocionado.
Quanto ao colega de quarto era um japonês - Sr. Sakura - que estava acompanhado da esposa durante 24 horas. Pois o seu tratamento assim exigia. O seu estado de saúde era muito delicado. Sua aparência não era das melhores. Mas torci para que logo ele se restabelecesse. Conforme logo fiquei sabendo, aquele paciente fora vítima de um derrame cerebral que o deixara com aquele problema de coordenação motora, exigindo que uma pessoa fizesse praticamente tudo para ele.
Quanto a mim, nessa primeira noite na enfermaria no Hospital Nipo-Brasileiro, senti-me bem mais à vontade, principalmente ao usar o banheiro com muito cuidado. E a partir desta atitude, já comecei a desobedecer a ordem médica, que era para solicitar sempre a companhia de alguém da enfermagem ou mesmo parente. Senti vontade de rir quando logo após ir ao banheiro e me deitar uma enfermeira veio me perguntar se estava com vontade de ir ao banheiro. Acredite se quiser, mesmo já tendo ido, por um pouco eu aceitaria o seu convite, mas logo desisti quando pensei que iria entrar em contradição e cometer uma mentira o que ficaria feio para mim. Então só agradeci e principalmente quando ela falou: "Quando precisar é tocar a campainha, não importa a hora, viu?" E piscou um dos olhos para mim. O que pensei maliciosamente com os meus botões: "Não brinca comigo!" Mas, pensando bem, ela não estava brincado e sim trabalhando com dedicação e carinho para com os seus pacientes. E eu era um deles, evidentemente.

Próxima postagem: A rotina de uma enfermaria

0 comentários: