domingo, 28 de agosto de 2011

A SAGA DE UMA ANEMIA CRÔNICA -

TERCEIRA CONSULTA


No dia dessa terceira consulta fui sozinho. Primeiro porque estava um pouco melhor e segundo porque ficava na zona sul, perto do meu local de trabalho. E como trabalhava no período noturno e estava marcada para as nove horas da manhã, seria muito incômodo pedir para a minha esposa se encontrar comigo ali. Principalmente, sabendo que ela andava muito ocupada com a banca de jornal e os afazeres domésticos. Portanto, fui só e Deus.
Demonstrando ainda muita dificuldade, cheguei à clínica e a recepcionista logo percebeu que eu não estava nada bem, inclusive não conseguia nem subir escadas, pois dava tonturas. Sendo assim, muito gentil e atenciosae, ela foi falar com a médica que iria me atender no segundo andar. Por sua vez, a doutora também bastante compreensiva e muito educada se prontificou me atender numa pequena sala improvisada no térreo. Aqui, nesta clínica localizada na Avenida Nove de Julho, comecei a perceber a diferença do atendimento das anteriores lá da Zona Leste, no bairro onde eu morava.
A médica cardiologista que me atendeu aprarentava 35 anos e, repito, bastante educada, competente e atenciosa. O seu nome, Drª Heloisa. Logo após me examinar, assim falou dentro da ética profissional:
-"O médico que fez este encaminhamento cometeu um equívoco. Só para comprovar o que estou dizendo vou agora pedir um eletrocardiograma, mas posso garantir que o seu problema é outro. No meu ponto de vista, o senhor não tem nada no coração. Se ele teve alguma suspeita, repito, se enganou redondamente. Em compensação apresenta sérios sintomas de uma outra enfermidade, que só posso diagnosticar após os resultados desses examos que estou solicitando agora. Peço que os faça o mais rápido possível. Isto não é pra amnhã e sim pra ontem".
Agradeci à Doutora Heloisa e saí dali bastante apreensivo com as suas palavras. Quanto aos exames, só pude fazê-los no dia seguinte, pois teria que estar em jejum e naquele dia eu já tinha tomado café. Fí-los conforme ela pediu e tão logo o resultado ficou pronto, fui buscá-los e levando imediatamente para a avaliação da doutora solicitante.
Neste retorno, ainda bem que fui acompanhado da minha esposa. Pois após analisar atenciosamente os resultados dos exames, com um olhar bastante assustado e incrédulo, a Doutora Heloisa olhou bem para mim e para minha esposa e foi objetiva:
-"Com toda a sinceridade, eu nunca vi nada parecido como esse caso. É simplesmente impressionante, para não dizer, catastrófico. Desculpe-me se estou assustando vocês. E, em virtude disto, até acho que o Sr. João deve ser uma pessoa predestinada por Deus. Sinceramente, não sei como ele consegue estar aqui na minha presença e de pé com glóbulos vermelhos tão baixos no organismo tão debilitado! Para encurtar a conversa, aqui está o pedido para uma internação imediata."
- Mas o que ele tem mesmo, Doutora? - Perguntou a minha esposa, Maria José.
-"Dona Maria, o seu marido está acometido de uma anemia crónica. Precisa urgentemente ser internado e receber transfusão de sangue".
As atendentes daquela clínica, imediatamente, começaram a procurar vaga em qualquer hospital que aceitasse o meu convênio médico. Não importava a localização. Concomitantemente, uma ambulância foi solicitada para o translado tão logo arrumasse uma vaga hospitalar. E parece que Deus estava me favorecendo. Não demorou muito fomos comunicados que a vaga foi encontrada e a ambulância já estava à disposição.
Ao adentrar na mesma com a ajuda de uma enfermeira, só na desmaiei, mas senti-me sufocado, oprimido, uma sonolência repentina como se fosse o sono da morte, sei lá. Foi uma situação angusiante e péssima. Cheguei, inclusive ficar com falta de ar e senti tontura, simultaneamente. Com a vista turva, pude constatar que a minha esposa estava ao meu lado, falando palavra de conforto e otimismo. Mas eu não entendia quase nada. Parecia que o chão estava se afundando e estava dizendo adeus a esta vida, principalmente quando a ambulância deu partida e foi ligada a sirene. Aquilo, para mim, que tantas e tantas vezes ouvira,principalmente quando trabalhava na Santa Casa de Misericórida de São Paulo, foi a gota d'água. Lágrimas cálidas inundaram repentinamente o meu semblante pálido, enquanto eu fazia um esforço tremendo para ter força e resistir aquela situação. Eu não querida morrer. Principalmente quando pensava nos meus dois filhos pequenos e na minha esposa ali presente.
Rapidamente chegamos ao Hospital onde estava reservada uma vaga para a minha internação.


(Na próxima postagem: PRIMEIRO HOSPTIAL

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